Juiz Sergio Moro saindo da casa de Bolsonaro (Foto: Mauro Pimentel) |
Seis
meses depois de determinar a prisão do ex-presidente Lula, o juiz federal
Sergio Moro vai deixar a Operação Lava Jato para assumir o cargo de ministro da
Justiça do presidente eleito Jair Bolsonaro, do PSL. Em seu lugar, assume a
juíza substituta Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
O
magistrado, responsável pelos casos da força-tarefa na primeira instância, se
reuniu ontem com o capitão da reserva no Rio de Janeiro.
Após
o encontro, o juiz, que acumula mais de duas décadas na magistratura e é
especialista nos crimes de "colarinho branco", afirmou que "a
perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime
organizado" levou-o a tomar a decisão.
Pelas
redes sociais, que tem usado para anunciar os nomes de todos os integrantes do
governo (cinco, até agora), Bolsonaro escreveu que, "em função da Lava
Jato, (Moro) me ajudou a crescer, politicamente falando". Em seguida, alfinetou
o PT: "Se eles estão reclamando, é porque fiz a coisa certa".
Ontem
(01/11), os advogados de Lula, por nota, informaram que ingressariam com ação
pedindo habeas corpus do petista com base no argumento de parcialidade do juiz.
No
governo, Moro vai comandar uma superestrutura ministerial, resultado da fusão
de Justiça e Segurança Pública, separadas no início deste ano pela gestão de
Michel Temer (MDB).
O
novo posto na Esplanada também inclui órgãos hoje sob a responsabilidade de
outras pastas, como a Controladoria-Geral da União e o Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf), além da Polícia Federal, que passa a sua alçada.
A
presença de Sergio Moro na equipe de Bolsonaro tem impactos na Operação Lava
Jato e no próprio governo. O aceite se reflete ainda na sua própria trajetória
jurisdicional, levantando suspeitas sobre decisões já tomadas pelo magistrado.
Para
Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM),
todavia, "a saída de Moro não será um balde de água fria" para a Lava
Jato. "A operação, até por conta da impessoalidade, vai continuar com uma
juíza que vai ter a mesma expressão", avalia. "Pode não ter a mesma
dimensão de imagem que tinha antes, mas seguirá."
Segundo
o pesquisador, a ida de Moro para o governo representa, por outro lado, um
"ganho imenso" para Bolsonaro ao "reafirmar o discurso
antipetista e anti-Lula" do ex-capitão. Prando assinala que o passe do
juiz funcionará como "uma chancela das intenções do novo presidente".
Cientista
político da Universidade de Brasília (UnB), David Fleisher concorda: a Lava
Jato não sofrerá grandes danos. "Tem outros juízes qualificados em
Curitiba que podem assumir esse papel", responde. "Todas as decisões
que Moro tomou foram anteriores a isso (nomeação)."
O
especialista projeta, no entanto, que a decisão de Moro vai fortalecer o
discurso de oposição do PT. "Eles certamente vão tentar explorar
isso."
Socióloga
e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Monalisa Alencar calcula
que a mudança do juiz da Lava Jato de Curitiba para Brasília "garante um
marco institucional e dá uma capa de constitucionalidade ao governo
Bolsonaro".
Monalisa
conclui que a junção entre o juiz e o presidente coloca lado a lado "um
político sem alinhamento com o sistema e o nome que representa a operação
policial antissistema".
Com
informações portal O Povo Online
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