A coletiva de imprensa foi na sede da Justiça Federal, em Curitiba (Foto: Hedeson Alves) |
Em
sua primeira entrevista coletiva após a indicação para assumir o Ministério da
Justiça e Segurança Pública, o juiz federal Sergio Moro justificou o aceite ao
convite do capitão da reserva porque, como ministro, terá a oportunidade de
"fazer a coisa certa num nível mais elevado, em uma posição que se possa
realmente fazer a diferença e se afastar de vez a sombra desses
retrocessos". O objetivo, continuou, é "buscar implantar uma forte
agenda anticorrupção e anticrime organizado".
Moro
defendeu a redução da maioridade de 18 para 16 anos. Uma das propostas do
presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), a medida foi promessa de campanha.
Sobre o tema, o magistrado afirmou que, "para esses crimes (graves e
hediondos), um adolescente acima de 16 anos tem plenas condições de responder
pelos seus atos".
A
declaração foi dada em coletiva de imprensa realizada ontem, na sede da Justiça
Federal, em Curitiba. Moro é juiz titular da 13ª Vara, responsável pelos casos
da Lava Jato.
Para
ele, a operação será modelo no combate às facções criminosas no País. O
magistrado disse que irá "utilizar forças-tarefa não só contra esquema de
corrupção, mas contra o crime organizado".
O
futuro ministro admitiu ser favorável a uma flexibilização do porte de armas,
mas sem excessos, que poderiam resultar num municiamento das facções.
Moro
assegurou ainda não acreditar que Bolsonaro represente ameaça à ordem
democrática e às minorias. "(Bolsonaro) É uma pessoa moderada. Eu não
vejo, em nenhum momento, risco à democracia e ao Estado de direito."
Perguntado
então sobre as declarações ofensivas do deputado federal, o magistrado
devolveu: "Existe uma política persecutória contra homossexuais? Não
existe. Não existe a possibilidade de isso acontecer. Zero. Existe um receio de
algo que não está nem potencialmente presente".
Moro
esclareceu também episódio, em 2016, no qual conheceu Bolsonaro em um
aeroporto, mas não o cumprimentou porque não sabia de quem se tratava. O juiz
falou que, no dia seguinte, ligou para Bolsonaro e se desculpou.
O
futuro ministro rejeitou a acusação de que atua politicamente na Lava Jato e, à
frente do Ministério da Justiça, poderia retaliar adversários. "Isso não
tem nada a ver com o processo do sr. Luiz Inácio Lula da Silva",
respondeu.
"O
ex-presidente foi condenado e preso porque ele cometeu um crime e não por causa
das eleições. Eu apenas cumpri a decisão."
O
juiz lembrou que, na esteira da força-tarefa de Curitiba, "políticos não
só do Partido dos Trabalhadores, mas de outros partidos que também receberam
valores nesse esquema criminoso" acabaram presos.
"Não
posso pautar a minha vida com base numa fantasia, com álibi falso de
perseguição política", criticou. "Não existe a menor chance de
utilização do ministério ou da Polícia para perseguição política."
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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