Associado
à natureza, o conceito de sustentabilidade aplicado aos modelos de negócios
precisa ser holístico. Ir além do mínimo estabelecido em lei é diferencial para
valorizar a marca: para colaboradores, gestores e consumidores. Ser sustentável
é premissa de sucesso, estabelecimento e permanência no médio e longo prazos.
Partir
para práticas sustentáveis, requer estrutura, administração, produção, impacto
social e conservação ambiental. Sustentabilidade organizacional não é somente
economizar água e coleta seletiva de resíduos.
Professor
da Faculdade CDL de Fortaleza e especialista em Economia Criativa, Randal
Mesquita avalia que as empresas que apresentam relações sustentáveis em toda a
cadeia de produção levam vantagem competitiva.
"O
consumidor tem amadurecido, está mais informado e mais vigilante em relação à
origem do produto. Nesse processo de diferenciação, algumas empresas entenderam
que há uma oportunidade de incrementar suas margens. Entregar sustentabilidade
é mexer de fato na fórmula, no processo, na forma a pensar no ganho
coletivo", complementa.
O
requisito, todavia, ainda não foi plenamente acolhido pelos negócios cearenses.
Na indústria, o alinhamento a práticas sustentáveis, calculado de 0 a 10,
mostrou melhor desempenho naquelas empresas de médio e grande porte, com
respectivos índices 5,8 e 5,5, enquanto a média estadual é de 4,2.
A
sustentabilidade ainda está distante nas indústrias de pequeno (3,7) e micro porte
(2,5). Os números são do Perfil de Sustentabilidade Industrial, levantamento do
Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(Fiec). O estudo analisou o perfil dos negócios cearenses na economia
sustentável com os seguintes parâmetros: planejamento e gestão de processos;
gestão de pessoas; produção; cadeia de suprimentos e distribuição;
consumidores; parcerias institucionais; meio ambiente e engajamento local.
"As
organizações descobriram que ser sustentável reduz custos, engaja funcionários
e atrai consumidores. Assim, há maior valor de mercado e poder de
competitividade. Já é algo estratégico mas as menores empresas ainda estão
acordando para essa necessidade", analisa Claudia Buhamra, pós-doutora em
Marketing e Sustentabilidade, professora do Mestrado e Doutorado em
Administração e Controladoria da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Sheila
de Carvalho, coordenadora de Projetos de Direitos Humanos do Instituto Ethos,
concorda que a internalização da filosofia sustentável nas corporações
"ainda é incipiente", inclusive no pilar humano. "O Brasil
adotou os objetivos da agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A
sociedade civil tem esta responsabilidade. Sustentabilidade é promover trabalho
decente e crescimento econômico; uso de energia limpa e também redução das
desigualdades", exemplifica.
Para
Roberto Pinto, pós-doutor em Administração e professor do Mestrado e Doutorado
em Administração da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o alinhamento do
comércio a práticas sustentáveis também não é satisfatório. "Estamos muito
longe do mínimo que se pode fazer. Mas para além das empresas, temos pesquisas
na Universidade e vemos com certa esperança que isso se difunda, o interesse
aumente na sociedade".
Da
UFC e da Uece saem constantemente pesquisas voltadas ao beneficiamento de
resíduos, melhorias em gestão pública e privada, governança corporativa
sustentável, panoramas sociais, propositura de soluções inovadoras, dentre
outras.
"Nosso
objetivo hoje é formar gestores desde a graduação na perspectiva da
sustentabilidade. É ponto fundamental e não apenas como uma disciplina, tem que
permear a linguagem geral dos cursos. No programa de Mestrado, temos linha de
pesquisa de Estratégia e Sustentabilidade", especifica Claudia.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
Leia
também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.