Uma
das maiores qualidade do ser humano é a capacidade de reconhecer erros e,
sempre que necessário, recuar de decisões equivocadas. O presidente eleito Jair
Bolsonaro (PSL) vem se tornando especialista em fazer isso durante o processo
de formação de sua equipe.
Primeiro, disse que iria fundir o Ministério do Meio
Ambiente com o da Agricultura. Após a chuva de críticas, o futuro chefe do
Executivo voltou atrás.
Pouco
tempo depois, anunciou a extinção do Ministério do Trabalho. A decisão durou uma semana. Após reunião com a
presidência do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Bolsonaro abriu mão da
proposta. "Vai ser o Ministério disso e disso e do Trabalho",
afirmou.
A outra ideia que acabou sendo colocada de lado foi a de levar toda a
gestão do ensino superior para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Segundo
Bolsonaro, continua tudo do jeito que está, com universidades, centros
tecnológicos e programas relacionados subordinados ao MEC.
Levando
em conta as trapalhadas registradas ainda durante a campanha eleitoral, quando
foram apresentadas mudanças como o fim do 13º salário e a volta da CPMF, era
mais do que previsível esse bate-cabeça na constituição do novo governo. Na
ausência de um projeto claro e consistente de País, Bolsonaro meio que vai
fazendo experimentações. Algo foi bem recebido?
Massa!
Mantém. Provocou desgastes? Esquece! Faz de conta que nada aconteceu. E no
modelo "biruta de aeroporto", vai tentando dar forma à sua gestão. O
problema é que, com tantos vai e vem, Bolsonaro corre o risco de perder a
confiança de seus apoiadores ao mesmo tempo em que fornece grossa munição para
seus adversários.
E
já que o assunto é recuo, o presidente eleito bem que podia repensar outras
decisões, como escolher para a Casa Civil alguém que já confessou ter feito uso
de caixa 2 - Onyx Lorenzoni -, para o Ministério da Economia um nome
investigado por gestão fraudulenta de fundos de pensão - Paulo Guedes -, e para
a pasta da Agricultura alguém que é conhecida como a "Musa do
Veneno", principal responsável pelo avanço do projeto que facilita o uso
de pesticidas em plantações - Tereza Cristina. Esta seria a verdadeira arte do
bom senso.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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