Para
enfrentar o desafio de construir um diálogo com o presidente eleito Jair
Bolsonaro (PSL), o governador do Ceará Camilo Santana (PT) precisará de mais do
que seu perfil reconhecidamente conciliador. A parceria com senadores e com
deputados federais será essencial, mas até o momento não é claro quem será o
parlamentar com capacidade de fazer esse meio-campo.
Cientistas
políticos ouvidos pelo jornal O POVO deram palpites, mas ponderam que será
preciso, antes, entender como funcionará o Governo Federal e a liderança de
Bolsonaro, que eles consideram "imprevisível", ao menos por enquanto.
Primeiro,
eles destacam a postura do próprio Camilo, que já sinalizou uma busca de
entendimento. "Vou procurar dialogar, contribuir (...). Acredito que nós
vivemos em uma federação, e que a relação institucional possa existir entre a
Presidência da República e os estados brasileiros", disse o governador em
entrevista coletiva na última terça-feira, 30.
Bolsonaro,
por sua vez, em declarações mais recentes, tem dito que "precisamos de
mais Brasil e menos Brasília", em um aceno a uma possível descentralização
do seu poder e mais autonomia aos estados. Se a promessa for cumprida, isso
pode ser positivo para Camilo.
A
aposta principal dos especialistas, porém, é na relação do governador com os
senadores. "Os senadores não representam o eleitorado, mas o Estado, então
é papel deles trabalhar pelos seus estados. Eu acredito que em algum nível essa
disputa política poderá ser deixada de lado", espera Uribam Xavier,
professor do departamento de ciências sociais da UFC.
Embora
apenas um senador eleito, Cid Gomes (PDT), seja aliado de Camilo, há a
expectativa de que, institucionalmente, haja diálogo também com o também
recém-eleito Eduardo Girão (Pros) e com Tasso Jereissati (PSDB). Girão, que
declarou apoio a Bolsonaro ainda durante sua campanha ao Senado, poderá ser uma
peça importante nesse novo mandato de Camilo.
"O
Governo do Ceará, ao qual eu faço uma oposição responsável, o que for para o
bem do cearense eu vou estar junto com ele", afirmou Girão em entrevista
ao O POVO. O senador eleito também disse que o governador deverá "buscar
mais eficiência" na gestão do Estado para "ter um diálogo melhor a
nível nacional".
Já
Cid poderá, através do seu papel como opositor ao Governo Federal, alcançar um
posto importante na Casa Legislativa. "Se a aproximação do Camilo com o
Cid não for afetada por essa disputa entre PT e PDT que tende a se aprofundar,
há um caminho aberto aí", acredita o cientista político Josênio Parente.
A
Câmara dos Deputados também terá um papel crucial na construção dessa ponte.
Nesse cenário, o poder do PT como maior partido da Casa funcionará como forma
eficiente de pressão, sobretudo em parceria com o PDT. Do outro lado, o
deputado federal eleito Heitor Freire (PSL), único representante na bancada
cearense do partido de Bolsonaro, deverá trabalhar para garantir investimentos
para o Ceará, mas buscando dissociá-los de Camilo. A mesma postura é esperada
do também deputado eleito Capitão Wagner (Pros).
O
cientista político da UFC Valmir Lopes não descarta o papel do atual presidente
do Senado Eunício Oliveira (MDB), apesar de ele não ter sido reeleito para o
cargo. "Eunício poderá ter um papel importante, se permanecer na direção
do MDB aqui no Estado e garantir um posto nacional no partido", avalia.
Há
quem aposte que Eunício terá um cargo no governo de Camilo para facilitar a
interlocução.
Com
informações portal O Povo Online
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