Candidata
da Rede à Presidência da República no primeiro turno, a ex-ministra Marina
Silva informou ontem (22/10) que dará "voto crítico" ao
candidato do PT, Fernando Haddad. Após o primeiro turno, a Rede
Sustentabilidade já havia recomendado aos filiados que não votassem em Jair
Bolsonaro (PSL).
Ao
embasar seu apoio, Marina afirmou que votará em Haddad porque este "não
prega a extinção dos direitos", nem a repressão aos movimentos. “A
política democrática deve estar fortemente aliançada no respeito à Constituição
e às instituições, exercida em um ambiente de cultura de paz e não violência”,
disse.
“Outro
motivo importante para a definição e declaração de meu voto é a minha
consciência cristã, valor central em minha vida. Muitos parecem esquecer, mas
Jesus foi severo em palavras e duro em atitudes com os que têm dificuldade de
entender o mandamento máximo do amor.”, completou.
Em
texto divulgado pelas redes sociais, Marina ressaltou que a frente democrática
e progressista defendida por Fernando Haddad não se mostrou capaz de inspirar
uma aliança ou mesmo uma composição política. A ex-ministra destacou que
alianças só são viáveis “em um ambiente de confiança em que, diante de
inaceitáveis e inegáveis erros, a crítica é livre e a autocrítica é sincera.”
“Mantém
o jogo do faz de conta do desespero eleitoral, segue firme no universo do
marketing, sem que o candidato inspire-se na gravidade do momento para virar a
própria mesa, fazer uma autocrítica corajosa e tentar ser o eixo de uma
alternativa democrática verdadeira”, argumentou.
Por
outro lado, Marina Silva criticou o projeto defendido por Jair Bolsonaro, que,
segundo ela, “atenta contra o interesse da sociedade e o futuro do país”, além
de promover “a incitação sistemática ao ódio, à violência, à discriminação”.
“[Há]
risco imediato para três princípios fundamentais da minha prática política:
primeiro, promete desmontar a estrutura de proteção ambiental conquistada ao
longo de décadas, por gerações de ambientalistas, fazendo uso de argumentos
grotescos, tecnicamente insustentáveis e desinformados. Chega ao absurdo de
anunciar a incorporação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da
Agricultura”, afirmou. “É melhor prevenir. Crimes de lesa-humanidade não têm
como se possa reparar”, completou.
Apesar
de criticar os dois candidatos e assegurar que se manterá em “oposição,
independentemente de quem seja o próximo presidente do Brasil”, Marina disse
que seu posicionamento é “simbólico”, já que obteve votação inexpressiva no
primeiro turno da eleição presidencial.
“Cada
um de nós tem, em sua consciência, os valores que definem seu voto. Sei que,
com apenas 1% de votação no primeiro turno, a importância de minha
manifestação, numa lógica eleitoral restrita, é puramente simbólica. Mas é meu
dever ético e político fazê-la”, afirmou.
“Darei
um voto crítico e farei oposição democrática a uma pessoa que, ‘pelo menos’, e
ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das
minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres,
negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental,
que é o professor Fernando Haddad”, concluiu.
Após
a divulgação do apoio de Marina, o presidenciável Fernando Haddad usou o Twitter
para agradecer à ex-adversária.
“O
voto de Marina Silva me honra por tudo que ela representa e pelas causas que
defende. Nossa convivência como ministros foi extremamente produtiva e até hoje
compartilhamos amizades de brasileiros devotados à causa pública. Esse
reencontro democrático me enche de orgulho”, afirmou Haddad.
Com
informações portal Agência Brasil
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