Menos
de 24 horas depois do fim da disputa que elegeu Jair Bolsonaro (PSL) à
Presidência, a liderança da oposição ao militar da reserva se converteu numa queda
de braço entre partidos de centro-esquerda.
Terceiro
colocado no pleito, com 13 milhões de votos, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) declarou
nas redes sociais nessa segunda-feira que a “oposição que nasce não se confunde
com forças que só defendem a democracia ao sabor de seus interesses mesquinhos
ou crescentemente inescrupulosos”.
A
crítica do pedetista tem endereço presumido: o PT do candidato Fernando
Haddad (PT), que foi ao segundo turno contra Bolsonaro, obtendo 45%dos votos
válidos ante 55% do ex-capitão.
Durante
toda a etapa decisiva do pleito, o partido de Lula aguardou um gesto de apoio
de Ciro, que não se efetivou. Na véspera da votação, após regressar de viagem à
Europa, o ex-presidenciável chegou a gravar um vídeo, não para declarar voto em
Haddad, mas para acenar ao projeto de concorrer em 2022.
As
respostas de ontem dadas Ciro Gomes sinalizam para a formação de uma
frente no Congresso que prioriza as duas siglas com as quais o ex-candidato tentou
negociar ainda no primeiro turno: PSB e PCdoB.
Em
entrevista ao O POVO, a vice-governadora eleita de Pernambuco e presidente
nacional da legenda comunista, Luciana Santos, afirmou que a hora é de ter
“serenidade e paciência”. Questionada sobre a possibilidade de constituir um bloco
com o PDT de Ciro, mas sem a participação do PT, a dirigente desconversou.
“É
necessário ter forte resistência aos efeitos colaterais do governo de um
presidente que faz apologia à violência”, disse. “Serenidade é centrar fogo na resistência.
Temos que lutar porela com o máximo de aliados.”
Deputado
federal eleito e coordenador da campanha de Haddad no Ceará, José Guimarães (PT)
rebateu as críticas de Ciro e as movimentações do PDT para encabeçar uma
oposição isolando o PT.
“Ninguém
lidera oposição no País sem o PT”, afirmou o parlamentar. “As urnas disseram
isso. No mínimo, é uma imbecilidade.”
De
acordo com Guimarães, o partido sai fortalecido das eleições de 2018 depois de
conquistara maior bancada da Câmara dos Deputados e eleger a maioria dos
governadores do Nordeste, onde Haddad teve expressiva votação.
Sobre
a formação de um grupo oposicionista a Bolsonaro no Congresso a partir de 2019,
o petista acrescentou: “Defendemos uma ampla frente de resistência ao fascismo
e ao governo do Temer que o Bolsonaro vai dar continuidade”.
No
domingo, pouco antes do anúncio do resultado das eleições, Guimarães criticou
Ciro indiretamente ao lembrar os apoios já manifestados ao ex-prefeito de São
Paulo na reta final da campanha.
“Caminhamos
para o encerramento da votação. Muitos se juntaram a Haddad pela democracia como
Joaquim Barbosa e Janot”, citou o deputado. “Outros preferiram o silêncio de
cúmplice com o que representa Bolsonaro. Se o PT colocou Haddad no 2º turno foi
porque o povo quis.”
Com
informações portal O Povo Online
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