Ao ser vaiado por militantes petistas, Cid Gomes respondeu: "É por isso que vocês vão perder" (Foto: Tatiana Fortes) |
Ao
lado do governador Camilo Santana (PT), o senador eleito Cid Gomes (PDT) cobrou
ontem (15/10) um mea culpa do partido durante encontro que abriu a campanha de Fernando
Haddad no Ceará no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL).
"Eu
conheço o Haddad, é uma boa pessoa. Tenho zero problema de votar nele",
disse o ex-governador do Estado a um auditório lotado de filiados e
simpatizantes do PT.
"Mas
aí fica para algum companheiro do PT que me suceda aqui na fala: se quiser
fazer um exemplo para o País, tem de fazer um mea culpa. Tem de pedir
desculpas, tem que ter humildade e reconhecer que fizeram muita besteira",
completou.
Numa
fala de dez minutos, o ex-governador distribuiu críticas fartas à postura da
legenda durante o primeiro turno e ao ex-presidente Lula. O pedetista também
bateu boca com militantes petistas, que vaiaram o ex-governador e senador eleito. Em resposta, Cid
os chamou de "babacas" e "otários".
Irmão
do ex-presidenciável Ciro Gomes, terceiro colocado na disputa ao Planalto, o
senador eleito acrescentou: "Não admitir o mea culpa, os erros que
cometeram, isso é para perder a eleição e é bem feito".
A
plateia então passou a gritar o nome de Lula e a entoar cantos de "Lula
livre".
"Lula
o quê?", perguntou Cid. "Lula está preso, babaca. Isso é o PT. E o PT
desse jeito merece perder. Só pra rimar. Vão perder feio porque fizeram muita
besteira. Porque aparelharam as repartições públicas. Porque acharam que eram
donos de um país, e o Brasil não aceita ter dono."
Considerada
fundamental para as forças pró-Haddad no Ceará, a participação de Cid no ato já
prenunciava o desconforto do grupo político dos Ferreira Gomes.
O
pedetista, principal articulador da campanha de Ciro à Presidência, chegou
junto com Camilo ao auditório do Marina Park, onde já o aguardava a cúpula do
PDT no Estado.
Estavam
lá o deputado eleito Salmito Filho, o presidente da Assembleia Legislativa
Zezinho Albuquerque, o deputado Tin Gomes e o prefeito de Sobral e irmão de
Cid, Ivo Gomes, além da vice-governadora, Izolda Cela.
Instado
a falar - o discurso de Cid abriu o evento, que se encerraria pouco tempo
depois -, o pedetista expôs a insatisfação diante da tentativa do PT de
costurar no segundo turno uma participação mais efetiva de Ciro e do PDT na
campanha de Haddad.
"Todo
mundo sabe que eu votei em outro candidato no primeiro turno, não sabe?",
começou o ex-governador. "E isso não é uma transição tão fácil. Acho que,
pra essa transição acontecer, muita coisa teria que ter acontecido."
Cid
se referia ao isolamento imposto pelo PT a Ciro ainda em agosto, quando as
tentativas de acordo do PDT com PSB e PCdoB fracassaram após intervenções da
legenda de Lula.
Em
seguida, o senador eleito falou que havia duas alternativas para o seu partido.
"Uma é a gente fazer de conta... Futebol é isso mesmo, tem dois turnos, e
no segundo turno a gente tem que escolher. Para mim, tudo bem", respondeu.
"Ora, eu já votei no Eunício (Oliveira). Para votar no Haddad, eu voto com
muito mais prazer ainda."
A
segunda alternativa seria, "se a gente quer, daqui do Ceará, dar um
exemplo para o Brasil", fazer um mea culpa.
Ao
discursar, porém, Camilo esquivou-se dessa tarefa. "Nosso objetivo aqui
não é fazer uma análise política. Meu primeiro objetivo aqui é agradecer a
vocês pelo resultado deste ano no Estado do Ceará", disse o governador.
"Eu
entendo tudo que o Cid falou aqui. Cada um tem a liberdade de se expressar, mas
o Cid tomou a decisão de vir pra ajudar a construir a grande vitória do Haddad
no Ceará. Esse é o momento de nos unirmos."
Com
informações portal O Povo Online
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