No
primeiro dia da campanha presidencial no segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL)
dirigiu-se ao Nordeste ao afirmar que não pretende suspender o programa Bolsa
Família. Adversário do capitão reformado, Fernando Haddad (PT) recuou da
proposta de convocação de uma nova Assembleia Constituinte.
As
declarações dos dois presidenciáveis foram dadas ontem ao "Jornal
Nacional", da Rede Globo, durante entrevista ao vivo. Por ordem
determinada em sorteio, Haddad foi o primeiro a falar.
"Revimos
o posicionamento (sobre a Constituinte). As reformas serão feitas por emenda
constitucional", disse o petista, referindo-se ao trecho do seu programa
de governo que defendia uma Constituinte exclusiva, medida criticada por rivais
na campanha.
Questionado
em seguida sobre o mesmo assunto se faria qualquer interferência na
Constituição caso seja eleito em 28/10 -, Bolsonaro também descartou alteração
na Carta Magna.
"Jamais
posso admitir uma nova Constituinte", respondeu. "Se estamos
disputando as eleições, é porque acreditamos na votação popular. Seremos
escravos da Constituição."
Na
mesma entrevista, a dupla fez movimento semelhante ao desautorizar aliados.
Sobre recente afirmação de José Dirceu (PT) segundo a qual o partido
"tomaria o poder", Haddad disse que o "ex-ministro não participa
da campanha e não participará do meu governo".
Bolsonaro,
por sua vez, desconversou sobre declaração do vice General Mourão, que admitiu,
em sabatina na Globonews, a possibilidade de um "autogolpe" se o
ex-capitão fosse eleito.
"Não
entendi direito o que Mourão quis dizer com autogolpe", falou Bolsonaro,
que acrescentou ainda: "Ele é general, mas eu sou o prresidente".
O
compromisso na televisão foi o primeiro de maior relevância dos dois candidatos
após as eleições desse domingo, 7. O militar alcançou 46% dos votos válidos
contra 29% de Haddad no primeiro turno. Ciro Gomes (PDT), o terceiro colocado
na corrida, obteve 12%.
Mais
cedo, depois de visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba
(o petista está preso há sete meses), Haddad fez gesto de aproximação para
Ciro, de quem espera herdar parte significativa dos votos na queda de braço com
Bolsonaro.
Como
sinal dessa distensão, o ex-prefeito de São Paulo aceitou incluir em seu
programa a proposta do pedetista voltada para eleitores com dívidas em órgãos
de crédito.
Logo
após o fim da votação, na noite do domingo, Ciro já havia afirmado que não
votaria em Bolsonaro. O ex-governador, todavia, não foi enfático ao falar se
pretende endossar o nome de Haddad.
O
PDT se reúne amanhã para selar o destino da legenda nesta nova fase da disputa.
Ontem, o presidente da sigla, Carlos Lupi, sinalizou para um caminho possível:
um "apoio crítico" ao candidato.
No
Ceará, Ciro foi o presidenciável mais votado, com mais de 40% da preferência do
eleitorado, à frente de Haddad e Bolsonaro.
Deputado
federal reeleito e coordenador da campanha do petista no Estado, José Guimarães
defende interlocução com todos os postulantes derrotados no primeiro turno.
"Temos
de dialogar com Ciro, Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos, Geraldo Alckmin,
Henrique Meirelles, todo mundo", disse o parlamentar. A intenção, defende
Guimarães, é constituir um "campo democrático" no segundo turno
contra Bolsonaro.
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