Participantes criticaram o fascismo que atribuem ao presidenciável (Aurelio Alves) |
Com
perfis e bandeiras diversas, milhares de pessoas se uniram em manifestação
liderada por mulheres contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à
Presidência, na tarde de ontem (29/09) em Fortaleza . Nas palavras de ordem, faixas e
camisetas, o movimento combateu o fascismo, a homofobia, o racismo e o machismo
representados, segundo os grupos, pelo ex-capitão do exército brasileiro.
O
ato partiu do Centro Cultural Belchior, na região conhecida como Praia do
Crush, às 15 horas, e seguiu em caminhada até o Centro Dragão do Mar de Arte e
Cultura. A manifestação reuniu cerca de 50 mil pessoas, conforme a organização.
Duas
faixas da avenida Almirante Barroso ficaram ocupadas pelas manifestantes, se
estendendo por pelo menos dez quarteirões da via. A manifestação reuniu
eleitores de diversas candidaturas ao Palácio do Planalto, como Fernando Haddad
(PT), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (Psol) e Vera
Lúcia (PSTU). Além de representações de movimentos sociais e partidos
políticos, o evento foi marcado pela presença de famílias, com crianças e
idosos.
Cartazes faziam menção ao feminismo e alusão a frases ditas por Bolsonaro (Foto: Mateus Dantas) |
A
hashtag #EleNão, que surgiu na internet, agora toma as ruas a uma semana da
eleição. Durante a caminhada, muitos tiravam fotos com a aposentada Margarida
Pinheiro, 79, que vestia uma camisa estampada com frase "lute como uma
vó". "Estou com a minha filha, minhas amigas e com todas as mulheres
indignadas, contra o retrocesso, o machismo, a homofobia. Tinha muita blusa
'lute como uma menina', eu sou avó, vamos lutar que nem avó", contou.
Acompanhada
das filhas, do marido e da mãe, Ana Carvalho, 45, recorda as histórias da época
da ditadura como motivação para manifestar. "Minha mãe era estudante, fui
criada escutando as histórias de repressão que ela passou. Acompanhei as
conquistas que nós tivemos, não vamos aceitar retroceder. Eu não vou permitir
que a gente volte à isso, nem minhas filhas", conta. Ao que a mãe,
Benedita Carvalho, 71, reforça: "Estou aqui para pedir a Deus força a essa
juventude, que tenha garra de exigir os seus direitos, de ser o que é.Não
vai ser um poder que vai tirar o seu eu. Eu sou ainda a Benedita de 1974,
quando eu estava frustrada porque não podia ir às ruas e hoje eu tô aqui".
A
advogada Beatriz Furtado afirmou que saiu às ruas para protestar porque a candidatura
do PSL "não representa as mulheres, os negros e nada do que a gente quer
para o nosso futuro".
O
jornal O POVO identificou pelo menos três candidaturas ao Governo do Estado:
Ailton Lopes (Psol), Francisco Gonzaga (PSTU) e Izolda Cela (do PDT, vice na
chapa encabeçada pelo governador Camilo Santana, do PT). De acordo com o
candidato do Psol, o ato de ontem é um "levante daquelas pessoas que amam
a democracia e que lutam por mais direitos. É dizer que o gênero, a
sexualidade, a cor não nos divide".
O
candidato Francisco Gonzaga declarou que o "ato demonstra uma reação das
mulheres às declarações machistas e homofóbicas de Bolsonaro. É muito
importante a unidade dos trabalhadores contra esse tipo de declaração". A
vice-governadora, Izolda Cela, que tenta reeleição, criticou a candidatura do
capitão reformado durante o movimento.
"Fala
em armar a população, que tem discurso preconceituoso, debochado, que fala de
forma desrespeitosa em relação às mulheres, que chama feminicídio de mimimi,
que usa como gestual de sua campanha o movimento de atirar, que faz isso com
criança. Tem um repertório de questões que afetam e agridem o padrão moral
básico da dignidade humana", disse a vice-governadora.
Com
informações portal O Povo Online
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