Com
menos recursos, a campanha eleitoral deste ano parece ter dificuldades para se
firmar nas ruas do Estado. Um dos sintomas é o esvaziamento de cruzamentos que
historicamente concentravam bandeiraços e adesivaços, alguns inclusive eram
palco de atos simultâneos de candidaturas opostas. Carros de som com jingles de
candidatos também não têm a mesma presença de eleições passadas.
Em
27 dias, os cearenses irão às urnas para votar em presidente, governador,
senador e deputado estadual e federal. A contagem regressiva para o primeiro
turno parece não empolgar os eleitores.
Na
avaliação da cientista política Carla Michele, esse "silenciamento"
das ruas no período eleitoral é efeito da nova realidade financeira dos
partidos. Desde 2016, quando passou a ser inconstitucional a doação de empresas
para financiamento eleitoral, as siglas têm feito campanhas mais simplificadas.
Poucos candidatos optaram por fazer a campanha tradicional.
Pelas
novas regras, o recurso usado nas campanhas pode vir por doação de pessoa
física, arrecadação coletiva na internet, popularmente conhecida como
"vaquinha virtual", e pelo Fundo Especial de Financiamento de
Campanha (FEFC).
Para
2018, foi disponibilizado pelo Tesouro Nacional ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) cerca de R$ 1,7 bilhão para ser dividido entre os diretórios nacionais
das siglas. Na prática, os partidos realizam uma campanha com recursos
limitados.
Para
Carla Michele, as mudanças trouxeram pontos positivos e negativos. Ela destaca
que as doações empresariais representavam uma "grande fantasia",
visto que as instituições disponibilizavam recursos em troca de favorecimento
pelos parlamentares.
"Nós temos o grande exemplo da Odebrecht, o grupo J&F; e tantas outras grandes empresas que custearam campanhas e depois utilizaram para benefício próprio".
"Nós temos o grande exemplo da Odebrecht, o grupo J&F; e tantas outras grandes empresas que custearam campanhas e depois utilizaram para benefício próprio".
Por
outro lado, a cientista política diz que é preciso gerar uma condição mínima de
igualdade entre as diversas candidaturas, pois este novo modelo reforça os
políticos que têm mais recursos, além de reduzir o espaço de siglas menores.
O postulante ao cargo de governador do Estado
pelo Psol, Ailton Lopes, afirma que existe uma desproporção muito grande entre
os concorrentes. "Quando há uma campanha com 100 vezes mais recursos que
outra, isso não é democrático, você não está possibilitando igualdade de
condições entre as propostas que estão em disputa no processo eleitoral",
ressalta o candidato, acrescentando que isso é prejudicial ao eleitor.
Com
tempo de propaganda e recursos reduzidos, os candidatos têm apostado na
internet para alcançar o eleitor. De acordo com candidato a deputado estadual
pelo PT, Guilherme Sampaio, as redes sociais se configuram como meio mais
eficaz e acessível para dialogar com a população.
Em
contrapartida, o cientista político e professor universitário Francisco
Moreira, alerta que as redes sociais têm características que não agregam muito
no sentido de mobilização. Ele ressalta que grande número de seguidores e bom
engajamento não se traduzem necessariamente em votos, já que a internet
possibilita a ação de robôs e perfis fakes.
Além
disso, Francisco Moreira destaca o nível de desconfiança nas redes sociais
devido à onda de fake news que coloca em dúvida a veracidade das informações
que são repassadas.
Carla
Michele aponta que o "desinteresse" da população pelas eleições pode
ser explicado por uma "crise" no modelo representativo, que não
consegue atender às necessidades da população.
"Isso não é uma exclusividade desse momento, nem tampouco da nossa sociedade", completa. Ela cita os inúmeros escândalos envolvendo os parlamentares, o que gera um "silenciamento" e "ausência" de participação dos votantes.
"Isso não é uma exclusividade desse momento, nem tampouco da nossa sociedade", completa. Ela cita os inúmeros escândalos envolvendo os parlamentares, o que gera um "silenciamento" e "ausência" de participação dos votantes.
Além
disso, Carla Michele ressalta que a falta de candidaturas competitivas no
Estado, pode "desanimar" os cearenses. Ela destaca que o atual
governador e candidato à reeleição, Camilo Santana (PT), conseguiu reunir um
amplo conjunto de alianças e isso pode gerar uma sensação de "já ganhou".
Com
informações portal O Povo Online
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