Candidatos durante o debate: tom mais ameno entre os presidenciáveis (Foto: Denise Rothenburg) |
Sem
a presença do candidato Jair Bolsonaro (PSL), que continua internado após o
ataque sofrido em Juiz de Fora (MG), e do Cabo Daciolo (Patriota), que alegou
incompatibilidade de agenda, sete candidatos ao Palácio do Planalto baixaram o tom
de voz e se mostraram mais calmos, com discussões e ataques leves durante o
debate promovido pela Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) na TV Aparecida,
na noite de ontem (20/09), no Santuário Nacional de Aparecida.
Alvaro
Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB),
Guilherme Boulos (PSol), Henrique Meireles (MDB) e Marina Silva (Rede)
participaram da discussão, dividida em cinco blocos e falaram sobre temas como
corrupção, educação, saúde, segurança, desigualdade social, defesa da vida e
questão indígena.
O
presidente da CNBB, cardeal Sérgio da Rocha, realizou a abertura do evento,
afirmou que a Igreja não adota posicionamento político e que o objetivo do
debate é o de ajudar os fiéis a conhecerem melhor as propostas dos candidatos.
Rocha ressaltou a importância do diálogo e do respeito, especialmente na
política.
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Boulos
citou o Papa Francisco para falar da questão da moradia. Segundo ele, o país
precisa de "teto, terra e trabalho". O candidato do PSol defendeu a
realização de uma reforma política e, se eleito, disse que revogará a reforma
trabalhista. Ele ainda reafirmou o compromisso com a causa das mulheres e
prometeu acabar com a desigualdade salarial de gênero. "Basta proibir
empréstimos em bancos públicos para empresas que fazem tal prática."
Boulos defendeu também a federalização de uma lista suja do trabalho infantil,
a desmilitarização da polícia e a descriminalização das drogas. "É preciso
ter coragem de enfrentar o sistema que lucra com a violência. O verdadeiro
comando do crime organizado não está em nenhuma favela. Está muito mais perto
da Praça dos Três Poderes", disparou.
Corrupção
Haddad
defendeu o fortalecimento das instituições que combatem a corrupção.
"Precisamos ter uma Controladoria, uma PF e um MP fortes e
apartidários." Outro aspecto, segundo o petista, é favorecer os mais
pobres. "Os programas desenvolvidos ao longo de 12 anos de governo Lula
foram muito importantes", disse. Haddad afirmou ainda que, caso seja
eleito, revogará a reforma trabalhista. No quesito sistema tributário, ele
afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "fez uma das maiores
reformas tributárias às avessas do país ao colocar o pobre no Orçamento pela
primeira vez".
Álvaro
Dias, por sua vez, atacou Haddad e o partido: "Você vem para essa campanha
como porta-voz da tragédia, representante do caos. O PT se transformou na
filosofia do fracasso, na crença à ignorância, o arauto da intolerância".
Ele ressaltou que é essencial a mudança do sistema de governança. "É
corrupto e incompetente. É um balcão de negócios. A causa maior dos problemas
que estamos vivendo. O Brasil não alcançará índices de crescimento se este
sistema prevalecer." Segundo ele, sua primeira providência será substituir
o "sistema de segurança corrupto".
Já
Ciro Gomes, do PDT, afirma que o enfrentamento da corrupção no Brasil precisa
ser aperfeiçoado. "Precisamos dar exemplo no combate aos malfeitos. Os
últimos 20 anos de democracia fracassaram por causa da fragmentação partidária,
marcada pelo clientelismo e o fisiologismo dos cargos públicos." Sobre a
situação da saúde pública no Brasil, em especial a falta de remédios, Ciro Gomes afirmou que há dois problemas na
área: distribuição de remédios e a falta absoluta de acesso a especialistas e a
exames mais sofisticados. Em relação à economia, ele criticou que o PT esteve
no poder por 14 anos e não tributou lucros e dividendos. "Eles querem
matar o carteiro para o povo não ler a carta. O grande pacto do PT com o PSDB
nunca permitiu mudar o sistema de tributação brasileiro."
Desemprego
Sobre
o desemprego, Meirelles, do MDB, culpou o crescimento da dívida pública, que
provocou o aumento da inflação. "Uma das heranças do governo da Dilma.
Agora, começou o trabalho de reação. Enquanto estive no Ministério da Fazenda,
criamos 2 milhões de empregos, mas é necessário muito mais", citou ele,
prometendo criar 10 milhões de vagas em quatro anos. Em relação ao aumento da
criminalidade e dos assassinatos, Meirelles afirmou que a segurança pública tem
que ser administrada com capacidade e competência e defendeu a criação de um
"sistema nacional de informações".
O
ex-ministro da Fazenda questionou Marina Silva sobre a proposta de criação da
CPMF, apoiada por Paulo Guedes, guru econômico de Jair Bolsonaro, citado apenas
nesta parte do debate. A candidata da
Rede também alfinetou Bolsonaro, dizendo que uma suposta crise entre ele e
Paulo Guedes seria um "incêndio no Posto Ipiranga". Marina lembrou o
ataque a Bolsonaro e disse que ele foi vítima de uma "tragédia
inaceitável".
“Vamos
fazer uma reforma tributária que descentralize os recursos e que acabe com a
injustiça tributária", disse Marina Silva, antes de afirmar ser contra a
volta da CPMF. Ela ainda ressaltou o combate ao feminicídio. "As mulheres
são vítimas de todo e qualquer tipo de violência. Isso é inaceitável."
O
tucano Geraldo Alckmin (PSBD) defendeu que o enriquecimento ilícito seja tipificado
como crime e se disse favorável à reforma trabalhista. Ele afirmou ainda que o
alto número de desempregados é "herança do PT". Alckmin afirmou que o Brasil não é apenas uma
rota do tráfico de drogas, mas um dos maiores mercados consumidores de entorpecentes.
"De um lado é crime e de outro, saúde pública. Dar a mão ao jovem para que
ele se recupere." E promete resolver o problema com tecnologia,
inteligência e gestão. Ele afirmou que,
em São Paulo, deixou o governo sem deficit primário. "Educação e saúde não
estão vinculados à PEC do Teto dos Gastos. Eu vou priorizar. Eu vou investir na
educação básica, no ensino infantil. Zerar a falta de vagas na
pré-escola."
Com
informações portal Correio Brasiliense
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