Imagem capturada do vídeo do portal Nocaute |
Não
dá para confiar muito, pelo menos eu não confio, nos institutos de pesquisa,
seja o “Datafalha”, seja o “Globop”. Esses institutos têm interesses políticos
e comerciais e usam essas sondagens para defender esses interesses. Evidente
que quando se chega em uma reta fina de eleição, essa sondagem tende a se
reaproximar mais da realidade, até para não perder totalmente a credibilidade.
Apesar
dessa resselava, me chamou muita atenção essa última pesquisa do Datafolha, que
foi divulgada nesta segunda-feira (10). A impressão que me deu é que essa
pesquisa deixou a mídia monopolista desnorteada. A impressão que também me da é
que essa mídia monopolista está cada vez mais temerosa diante dos possíveis
resultados das eleições de outubro próximo.
Três
fatores me levam a perceber esse desnorteamento da mídia. O primeiro fator é
que vários “calunistas” da mídia diziam
que Bolsonaro iria “estourar a boca do balão” após o deplorável episódio da
facada em Juiz de Fora. Falava-se que ele ia bombar, que ia subir muito nas
pesquisas após aquele episódio, de passar a ser encarado como uma vítima. Os
seguidores do neofascista chegaram até dizer que depois da facada ele ganharia
a eleição no primeiro turno, espalharam um bocado de mentiras na internet.
O
que a pesquisa mostra é que a sociedade não se comoveu tanto com a facada em
Bolsonaro. Não se comoveu com a violência cometida com o maior propagador de
ódio e violência nessa campanha eleitoral. A sociedade não ficou tão
impressionada assim, tanto é que na pesquisa o candidato neofascista empacou.
Subiu dois pontos, o que está dentro da margem de erro, ou seja, nada. Já a sua
rejeição aumentou muito, principalmente entre as mulheres. Ou seja, parece que
o Bolsonaro levou uma segunda facada na pesquisa.
O
Datafolha também mostrou um segundo aspecto preocupante para essa mídia, que é
o fiasco do Geraldo Alckmin. O candidato tucano, ex-governador de São Paulo, já
está há dez dias com um latifúndio na televisão e na rádio na propaganda
eleitoral gratuita, ele tem quase metade do tempo de televisão e rádio somando
os outros 12 candidatos.
Geraldo
Alckmin conseguiu uma aliança muito forte com setores do chamado “centrão”, que
na verdade são “direitão”. Geraldo do Alckmin está com uma fortuna em fundo
partidário. Geraldo do Alckmin contava
com o apoio da chamada elite empresarial, que eu prefiro chamar de “cloaca
empresarial.” Geraldo do Alckmin tinha a torcida explícita da mídia. Jornalões,
revistas já tinham declarado apoio a Geraldo do Alckmin, e emissoras de rádio e
televisão idem. Mas mesmo assim o “picolé de chuchu” segue derretendo. Isso é
um fator que deixa desnorteada a mídia.
E
o terceiro fator dessa pesquisa que eu acho que desnorteou a mídia foi o
crescimento da candidatura de Fernando Haddad. Isso ficou até patente no
anuncio da pesquisa, no semblante dos apresentadores da Globo News, estavam
estupefatos.
Afinal
de contas, até a pesquisa Fernando Haddad ainda não tinha sido oficializado com
candidato. Fernando Haddad foi excluído dos debates da televisão com os
candidatos presidenciáveis porque não estava oficializado como candidato.
Fernando Haddad vinha sofrendo uma censura na mídia, que evitava falar o nome
dele. Apesar de tudo isso, Fernando Haddad deu um salto nessa pesquisa
Datafolha. Como ele está sendo chamado, o “candidato do Lula”, dobrou suas
intenções de voto com todas essas dificuldades.
Na
prática ele já encostou no segundo lugar. Ele está ao lado do Ciro, que está
fazendo uma bela campanha, com Marina e com Alckmin em segundo lugar.
Ou
seja, eu acho que esses fatores, seja o Bolsonaro neofascista não ter
explodido, seja o Alckmin continuar derretendo, seja o salto de Fernando
Haddad, tem deixado a mídia meio desnorteada sobre o que vai dar nessa eleição.
É
bom a gente lembrar, pelo menos na minha opinião, que a mídia foi a principal
protagonista do golpe que derrubou Dilma Rousseff e levou a quadrilha de Michel
Temer ao poder. É bom lembrar também que essa mídia foi a principal carrasca do
ex-presidente Lula. Ela que exigiu do Judiciário que Lula fosse feito como um
preso político no Brasil.
Agora
ela está com dificuldade. O seu candidato não vinga, o Bolsonaro não é
propriamente um candidato dessa mídia. A mídia criou o Bolsonaro, é o chamado
ovo da serpente. A mídia com sua criminalização da política e com sua
escandalizarão da violência urbana acabou gerando a figura do Bolsonaro, mas o
Bolsonaro não é propriamente uma pessoa confiável para mídia, o Bolsonaro
lembra em certo sentido a relação do Trump com a imprensa estadunidense, não é
uma pessoa totalmente confiável. Por outro lado o candidato do Lula desponta
nas pesquisas podendo ir ao segundo turno, podendo vencer as eleições.
Nesse
desnorteamento fica a pergunta: o que a mídia vai fazer nessas três semanas que
restam? O que ela vai fazer para salvar seu projeto golpista? Ela foi
protagonista do golpe, então o que ela deve fazer para salvar esse projeto que
está correndo risco.
Vamos
conferir nas próximas semanas, que no meu entender, serão semanas de
fortíssimas emoções e muita adrenalina.
Publicado
originalmente no portal Nocaute
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