No
momento em que esta coluna era escrita, estava consolidada a maioria no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a candidatura de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Nenhuma surpresa, mas demarca ao menos o fim de uma indefinição.
Há
perspectiva de o PT fazer novos recursos. Mas fica ainda mais clara a sinalização
de que o candidato passa a ser Fernando Haddad (PT). Isso no dia em que ele
estava em Fortaleza.
As
próximas pesquisas se tornam decisivas. Deixam de ser simulações. Uma coisa é
pesquisa com vários cenários possíveis. Bem diferente é quando está definido um
rumo.
Confirmado
candidato, o ex-prefeito de São Paulo tende a crescer. A dúvida é quanto. Passará
a ter espaço nos debates futuros e nas sabatinas. Também fica interrogação
sobre o potencial de atração de votos de Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva
(Rede).
Outra
dúvida é no Ceará, sobre Camilo Santana (PT). Ele vinha se equilibrando entre
Lula e Ciro Gomes (PDT). Ontem, recebeu Haddad. Mas terá o ex-prefeito
paulistano a mesma capacidade de Lula de neutralizar o envolvimento de Camilo
na campanha?
A
disputa pelos votos do Nordeste
Fortaleza
foi ontem a capital da campanha presidencial. A Aguanambi 282 em particular.
Pouco antes da 11h30min, Fernando Haddad (PT) chegou à sede do O POVO, logo
após deixar o aeroporto. Cerca de três horas depois, foi a vez de Geraldo
Alckmin (PSDB) ser recebido. Os candidatos de PT e PSDB tiveram no O POVO seus
primeiros compromissos no Ceará.
O
Nordeste é a região mais estratégica nesta campanha. Não só nesta, a rigor.
Desde 1989, quem venceu na região foi eleito presidente. Trata-se do segundo
maior colégio eleitoral do Brasil. São 39 milhões de eleitores. Mais de um em
cada quatro pessoas com direito a voto no Brasil estão na região. É mais que a
soma de todos os eleitores do Sul e do Centro-Oeste. A particularidade desse
ano está em Lula.
O
ex-presidente e candidato indicado pelo PT tem 59% das intenções de voto na
região. O perseguidor mais próximo é Jair Bolsonaro (PSL), que tem 11%.
Diferença de 48%. Daria praticamente para ganhar no primeiro turno só com a
diferença de votos. Sem Lula na disputa, pelo último Datafolha, Marina Silva
(Rede) vai a 19% na região. Bolsonaro e Ciro Gomes (PDT) empatam com 14%. A
soma de brancos, nulos e indecisos é 34%. Sem Lula, são muitos votos em aberto
na região. Em lugar nenhum há tantos eleitores por conquistar.
Dentro
da particularidade que é o Nordeste, o Ceará é mais específico ainda. É o
Estado de Ciro Gomes (PDT), que tem força descomunal no quadro sem Lula. É
também terra de Tasso Jereissati (PSDB), que já foi o político mais poderoso do
Estado e ainda tem enorme força - embora não tenha transferido para seus
candidatos até agora. Foi nessa realidade que Alckmin e Haddad vieram buscar
votos.
O
desafio de Haddad
Com
Lula fora, Haddad tem desafio de conseguir que o ex-presidente transfira votos
para ele. Ele tem convicção de que vai crescer. Quanto, segundo ele, é
impossível projetar. Até por não haver precedente nessa situação - talvez no
mundo. Uma coisa sobre a qual não há dúvida é a diferença na capacidade de
comunicação entre Lula e Haddad com a população sertaneja.
No
Ceará, precisou de esforço extra para não melindrar os Ferreira Gomes.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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