Dois
dias depois de o candidato ao Senado Cid Gomes (PDT) defender que Camilo
Santana (PT) se mantenha neutro no seu palanque à reeleição no Ceará, o
deputado federal José Guimarães avisa: o PT "não vai abrir mão do apoio do
governador ao candidato nacional" à Presidência.
Em
entrevista ao jornal O POVO, o parlamentar disse que, seja com Luiz Inácio Lula
da Silva, preso em Curitiba e potencialmente inelegível, seja o ex-prefeito de
São Paulo Fernando Haddad, indicado vice, o chefe do Executivo estadual é parte
da campanha da sigla.
"Nosso
palanque no Ceará é Lula ou Haddad, Camilo e os candidatos proporcionais",
respondeu Guimarães. "É claro que vamos sentar com o governador para
conversar. Camilo é do '13', é do PT, não tem como fazer separação (de palanques).
Ele tem que fazer as mediações políticas."
O
deputado se refere à dificuldade de equacionar um impasse dentro da ampla
aliança formada por Camilo em torno de sua reeleição.
Somando
ao todo 24 partidos, entre eles o PDT do presidenciável Ciro Gomes, terceiro
lugar nas pesquisas nos cenários sem Lula, o bloco agrupa eleitores lulistas e
ciristas.
À
Rádio Tribuna Band News na última quarta-feira, Cid deu a senha do que espera
do governador ao defender que o petista tenha "postura de magistrado e o
palanque dele trate da campanha no estado do Ceará".
E
acrescentou: "Aí eu vou cuidar da campanha do Ciro e o PT vai trabalhar,
fora do palanque do Camilo, a campanha do candidato do PT".
A
fala do ex-governador explicita uma cláusula do acordo governista: a depender
do PDT, o palanque de Camilo não será usado para a defesa da candidatura de
Lula nem da de Ciro.
Internamente,
todavia, o PT pressiona para que Camilo se manifeste publicamente e se declare
eleitor de Lula, atitude que o governador tem reservado apenas aos espaços do
partido.
Fora
das instâncias partidárias, o petista tem evitado qualquer menção ao
ex-presidente. No sábado da convenção que oficializou em São Paulo o nome de
Lula na corrida ao Planalto, por exemplo, Camilo estava em Fortaleza ao lado do
senador Eunício Oliveira, que concorre à reeleição.
Diferentemente
do governador, o emedebista fez largo uso das referências a Lula, chegando a
comparar a própria trajetória com a do candidato do PT.
No
dia seguinte, um domingo, em evento oficial do PT/PDT ao qual Cid faltaria
alegando estar com enxaqueca, Camilo também se esquivou de apontar preferência
por Lula ou Ciro na disputa.
Questionado
pelo jornal O POVO sobre o seu voto, o governador indicou os dois grandes
cartazes que ladeavam o palco principal da convenção: de um lado, havia a
imagem de Ciro. Do outro, a de Lula. Entre um e outro, a de Camilo.
"Vamos
conviver com esse problema político", admitiu Guimarães. De acordo com o
deputado, "é legítimo que o PT faça a campanha do Lula e que o PDT faça a
do Ciro. Não vamos prejudicar o governador. Vamos sentar e discutir".
Com
informações portal O Povo Online
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