A
um dia do início das campanhas políticas, dirigentes partidários no Ceará ainda
não sabem quanto cada legenda no Estado receberá do fundo eleitoral de R$ 1,7
bilhão.
O
Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) é uma reserva formada
exclusivamente por recursos públicos aprovada após o fim do financiamento
empresarial, ainda em 2015. Os recursos oriundos dessa fonte se destinam aos 35
partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Cabe
às executivas nacionais das legendas os repasses para os seus diretórios
estaduais, conforme regras fixadas pelas próprias siglas e submetidas à
aprovação do TSE.
Presidente
do PSDB no Estado, Francini Guedes não definiu a forma de cálculo do rateio da
verba entre os candidatos tucanos nas campanhas proporcionais e majoritárias.
Até
ontem (14/08), a direção nacional do partido ainda não havia batido o martelo sobre o
valor exato que seria remetido à seção cearense.
"Vamos
discutir ainda com todo o diretório e depois chegar a um consenso sobre o
assunto", disse Francini. De acordo com o dirigente, um dos critérios para
a divisão será a detenção de mandato. "Quem tem mandato recebe uma quantia
diferente de quem não tem", falou. Ao todo, o PSDB vai receber R$
185.868.511,77.
Além
dos tucanos, dirigentes de PT, PDT, MDB, PSL e Avante afirmaram ao jornal O POVO
que a fração do dinheiro do FEFC repassada aos partidos no Ceará está
indefinida.
Candidato
a novo mandato e uma das lideranças petistas no Estado, o deputado federal José
Guimarães assegurou que a sigla, que tem direito à fatia de R$ 212.244.045,51
do fundo, "só vai discutir a distribuição depois que os recursos forem
liberados, após o deferimento das candidaturas" pelo TSE.
Segundo
o calendário eleitoral, o prazo máximo para registro dos postulantes se encerra
hoje. A partir de amanhã, as legendas já podem fazer campanha.
Destinados
a suprir as carências de financiamento dos partidos, entretanto, os valores do
fundo não chegarão a tempo. Presidente do PSL no Estado e candidato a deputado
federal, Heitor Freire já nem conta com o dinheiro para colocar os candidatos
na rua amanhã (16/08).
"Não
temos nada ainda. Nem sabemos quanto e se iremos receber. Estão discutindo na
executiva nacional. Mas, se chegar, a prioridade é deputado federal",
respondeu.
Como
alternativa, o candidato afirma que a legenda, que representa o palanque do
presidenciável Jair Bolsonaro no Ceará, vai apelar ao crowdfunding e às doações
do eleitorado fiel do militar.
No
MDB, que recebe no total R$ 234.232.915,58, a situação não é muito diferente.
"A executiva está aguardando ainda a definição dos registros dos
candidatos (do MDB). Após isso, quando a informação chegar à nacional, é que
haverá reunião no Ceará", informou Gaudêncio Lucena, presidente do MDB no
Estado.
Primeiro
suplente do candidato ao Senado Eunício Oliveira, o emedebista explica que, tão
logo os valores aportem na direção estadual da sigla, vão ser divididos
seguindo critério específico: "A prioridade será para deputados e
senadores que disputam reeleição". Cumprida essa etapa, os demais
postulantes receberão a cota de acordo com a "expressividade dos números
da campanha e da densidade eleitoral".
O
Fundo Eleitoral
Votado
no ano passado na reforma política, o Fundo Especial de Financiamento de
Campanha (FEFC) dispõe de R$ 1.716.209.431. Formado exclusivamente por verba
pública, o fundo eleitoral é uma reserva criada pelo Congresso (leis nº
13.487/2017 e 13.488/2017) e arbitrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Diferentemente
do fundo partidário, que é voltado somente para a manutenção das máquinas das
legendas, o fundo eleitoral tem a finalidade de abastecer as campanhas das
siglas nas eleições. Os valores oriundos do fundo são repassados às executivas
nacionais das siglas, que decidem, por critérios próprios nos quais o TSE não
intervém, como vão distribuí-los entre os diretórios estaduais.
O
sistema vem sendo criticado por conferir poder excessivo aos caciques, que
detêm o controle dos partidos. Nesse modelo, as cúpulas fazem o rateio que mais
convém aos interesses.
O
fundo destina obrigatoriamente 30% dos recursos para candidaturas femininas.
Como forma de driblar essa exigência, determinada pelo TSE, as legendas vêm
indicando candidatas mulheres para vice.
O
fundo é composto por 30% do valor do Orçamento voltado às emendas de bancada de
congressistas e pela compensação fiscal que era paga às emissoras de TV.
Com
informações portal O Povo Online
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