Hoje
é o 16º dia de propaganda eleitoral de rua e começam os programas no rádio e na
televisão. É a campanha presidencial e estadual mais curta de todos os tempos.
As regras começaram a valer nas eleições municipais de 2016. Mas, nunca houve
escolha de presidente e governadores com tão pouco tempo. O argumento para isso
foi de reduzir o custo. O preço pode ser alto.
Desde
que a campanha de rua está liberada até o primeiro turno, são 45 dias. Um mês e
meio. Até 2014, eram três meses. Serão 35 dias de campanha no rádio e na
televisão. Até 2014, eram 45 dias do início. Em 1989, foram 59. O tempo de
campanha muda os rumos de uma eleição.
Nos
estados e mesmo em plano federal, já houve fenômenos que surgiram feito ondas e
desidrataram ao longo da campanha. Cresciam nas pesquisas, o eleitor se
encantava. Mas, sob os holofotes, os competidores eram alvo de questionamentos,
a avaliação se tornava mais criteriosa. Muitas vezes, minguavam.
O
decorrer da campanha fez com que muitas ondas perdessem força. Com a redução à
metade, é capaz de não haver tempo de tais fenômenos serem devidamente expostos
e avaliados.
Candidato
não é e não pode ser escolhido como sabão em pó na prateleira da mercearia. Não
é pela aparência da embalagem. Não é no impulso de ver e levar. É preciso
reflexão, discussão com os vizinhos, com os amigos. Mesmo a intriga na Internet
e nos grupos de WhatsApp. Essa dinâmica social é parte do processo de escolha.
Essa rede de influências é componente da formação de opinião.
Tudo
isso permanece, mas terá de ser acelerado. Talvez atropelado. O risco é de a
onda não ter tempo de se desfazer. A velocidade da campanha pode favorecer os
aventureiros e empurrar o Brasil numa aventura.
O
que pode mudar
Coisa
curiosa é como as pesquisas têm se mantido estáticas. Isso desde o fim do ano
passado. Nas sondagens de intenção de voto, sempre há movimentações. Mas elas
têm ocorrido dentro da margem de erro.
O
máximo de oscilação foi quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi preso e ele
caiu um pouco. Porém, mesmo preso, já voltou a subir. É intrigante como quase
nada mudou.
Em
novembro de 2017, no cenário mais parecido com o atual, Lula tinha 36%, Jair
Bolsonaro (PSL) tinha 18%, Marina Silva (Rede) tinha 10% e Ciro Gomes (PDT) e
Geraldo Alckmin (PSDB) apareciam com 7% cada. Passaram-se nove meses e o
cenário do último Datafolha é: Lula 39%, Bolsonaro 19%, Marina 8%, Alckmin 6% e
Ciro 5%. A maior diferença é de três pontos percentuais a mais para Lula. Para
quem as principais novidades de lá para cá são condenação judicial reafirmada e
a prisão. Com iminência de ser excluído da disputa.
Vai
haver mudança. Ela necessariamente ocorrerá com a retirada definitiva de Lula
da disputa. No último Datafolha, Bolsonaro tem 22%, mesmo percentual de brancos
e nulos. Além de outros 6% que não sabem em quem votar. Ocorre que essa mudança
terá de se processar em velocidade recorde. Isso é perigoso.
Quem
acertar o tom na campanha no rádio e televisão pode se tornar o
"viral" desse mês até a eleição. Pode ser o bastante para virar
presidente. Estar no segundo turno pelo menos.
Jeito
perigoso de se escolher o governante do País.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
Leia
também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.