Candidatos no estúdio da Rede TV, em São Paulo, para participar do debate (Foto: Nelson Almeida) |
Quem
ficou prejudicado no primeiro debate entre os presidenciáveis tentou ganhar
musculatura no evento promovido ontem pela Rede TV!. Foi o caso de Marina Silva
(Rede), que cresceu ao atacar Jair Bolsonaro (PSL) em questionamento envolvendo
a remuneração das mulheres. Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Henrique
Meirelles (MDB), Álvaro Dias (Podemos) e Guilherme Boulos (PSol) entraram e
saíram com o mesmo peso, enquanto Cabo Daciolo (Patriota) teve o isolamento
evidenciado pela falta de perguntas dos adversários.
Oito
dos 13 candidatos à Presidência da República participaram. Na última
quinta-feira, o ministro Sérgio Banhos, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
rejeitou um pedido do PT que buscava permissão para o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva participar do debate. Foi colocado um púlpito vazio para Lula,
mas o espaço acabou retirado após pedido dos adversários. O único contrário à
remoção foi Boulos.
O
ponto alto do debate foi a discussão entre Bolsonaro e Marina. Os demais
candidatos aparentavam tranquilidade. A possibilidade de escolher o adversário
para discutir os temas fez com que houvesse uma verdadeira troca de figurinhas
entre eles. Alckmin, por exemplo, se aproximou de Ciro. Marina fez o mesmo com
Álvaro Dias. Meirelles e Boulos acabaram juntos em vários momentos, ainda que
com baixo rendimento. Daciolo, rejeitado por todos, acabou com Bolsonaro na
maior parte do tempo.
No
embate entre Marina e Bolsonaro, a candidata da Rede questionou o ex-capitão do
Exército sobre a paridade salarial entre homens e mulheres. Bolsonaro até
tentou reagir, citando que Marina era a favor de um plebiscito sobre
descriminalização das drogas e do aborto, mas a ex-senadora voltou à carga,
deixando Bolsonaro visivelmente irritado. "Quando a gente é presidente,
não pode fazer vista grossa, dizer que não precisa se preocupar. Precisa se
preocupar. Precisa defender a injustiça", disse Marina.
Em
outro momento, Bolsonaro perguntou a Marina se ela era a favor do desarmamento.
"Não", respondeu. E aproveitou para atacar o capitão, falando sobre a
diferença de salário entre homens e mulheres. Bolsonaro contra-atacou:
"Temos uma evangélica que defende plebiscito para aborto e maconha",
disse. "Você acha que pode resolver tudo no grito, na violência. Você fica
ensinando os nossos jovens que têm que resolver na base do grito. Esses dias
você pegou na mão de uma criança e ensinou a atirar. E esse ensinamento que
quer dar a nossas crianças", rebateu Marina.
Álvaro
Dias e Ciro Gomes aparentavam estar mais à vontade que no primeiro debate,
semana passada. Alckmin e Meirelles não se destacaram tanto. Daciolo — cuja
fórmula excêntrica em torno da religião deixou de impressionar — e Boulos — que
abusou das frases feitas e despertou críticas na internet — ficaram isolados.
Robôs
No
debate da Rede TV!, suspeitas sobre uso de robôs nas redes sociais voltaram a
ser levantadas. Na semana passada, o Correio revelou que o encontro dos
presidenciáveis, na TV Band, chegou a ser assunto do momento na Rússia. A
reportagem mostrou movimentos atípicos detectados na rede na noite de
quinta-feira. A pedido do Correio, o professor Fábio Malini, coordenador do
Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da UFES, levantou as
referências a quatro candidatos durante o debate da Band: Bolsonaro, Ciro,
Alckmin e Marina.
A
partir dali foi possível dividir publicações por idiomas. Procurado, o Twitter
informou "que conduziu a própria investigação sem identificar ações
coordenadas em relação a hashtags". A suspeita de marqueteiros foi a de
que pudesse ocorrer compra ou aluguel de contas russas, por exemplo, para
produzir tuítes em massa. O TSE, por sua vez, prometeu, na sexta-feira, baixar
resolução com regras para atuação nas redes. Não confirmou absolutamente nada
até o momento. Ontem, o Twitter reforçou os desafios a contas falsas na rede.
E, hoje, vai apresentar relatórios sobre os movimentos na rede.
Com
informações portal Correio Brasiliense
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