Em seu discurso Ciro repetiu inúmeras vezes que o “Brasil precisa mudar” (Foto: Marcelo Camargo) |
Lançado
oficialmente ontem (20/01) pelo PDT como candidato do partido à Presidência da
República, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes fez aceno direto a PSB, PCdoB e
PT na tentativa de romper isolamento. As
siglas integram o que a coordenação da campanha do pedetista chama de campo
progressista.
Um
dia depois de perder o apoio do “centrão” (PR, PP, DEM, SD e PRB), que se
bandeou para a pré-candidatura do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin
(PSDB), e ainda sem um nome escolhido para vice na chapa, o candidato deu
indicativo de que concentrará energias na costura de uma frente de esquerda.
Em
evento realizado na sede do PDT em Brasília, Ciro reuniu apoiadores, militância
trabalhista e representantes de entidades civis. Num discurso de meia hora,
repetiu inúmeras vezes que o “Brasil precisa mudar” e que “não é possível
continuar do jeito que estamos”, modulando a retórica para contemplar bandeiras
sociais. Também atacou o sistema financeiro e enfatizou a necessidade de
reindustrialização do País.
Sob
risco de não firmar alianças e ainda tendo de enfrentar desgaste depois de suas
últimas polêmicas — a principal delas, o xingamento desferido contra promotora
paulista, a quem chamou de “filho da puta” sem saber que se tratava de mulher
—, o ex-ministro investe as energias agora na formação de um arco mínimo de
partidos que lhe permita ampliar o tempo de propaganda eleitoral.
Sozinho,
o PDT tem somente 28 segundos de exposição gratuita na TV e rádio. Para efeito
de comparação, com a adesão dos cinco partidos do “centrão”, Alckmin deve
ultrapassar os quatro minutos a cada inserção de 12min30s diária.
Deputado
federal e presidente do PDT no Ceará, André Figueiredo disse ao O POVO que a legenda
brizolista tem uma tarefa urgente: fechar com o PSB. “Temos essa expectativa de
que o PSB venha para a aliança. E vemos a possibilidade de o PCdoB entrar
também”, disse.
A
sigla comunista tem encontro hoje para discutir se mantém a candidatura da
deputada estadual Manuela d’Ávila (RS) ao Planalto ou se indica a parlamentar
para vice noutra chapa. Já o PSB agendou reunião para o dia 30 e convenção para
5 de agosto, data-limite para oficialização dos candidatos.
Questionado
se o PDT vai tentar chegar a algum entendimento com o PT, Figueiredo respondeu
que a agremiação “vai manter a candidatura do ex-presidente Lula”, que deve ser
barrada pela Lei da Ficha Limpa. O dirigente pedetista também minimizou o
anúncio de que o “centrão” apoiará o nome tucano nas eleições.
“Não
contávamos desde o início que o ‘centrão’ apoiasse o Ciro, mas houve
movimentação de alguns partidos do bloco. Pra gente, foi até uma surpresa que
eles aceitassem pontos da nossa agenda”, afirmou. Segundo o deputado, Ciro
“tinha algumas simpatias de integrantes do ‘centrão’, mas, infelizmente, eles
foram minoritários”.
Até
a véspera da divulgação do apoio do “blocão” a Alckmin, Ciro e sua equipe
econômica negociavam diretamente com lideranças de legendas do grupo,
notadamente o PP do senador Ciro Nogueira, o DEM do presidente da Câmara Rodrigo
Maia e o SD do deputado Paulinho da Força — este último sugeriu que pode
retomar as conversas com o PDT caso o PSDB não reveja itens da reforma
trabalhista, como o fim da cobrança do imposto sindical.
Líder
do governo Camilo Santana (PT) na Assembleia Legislativa do Ceará, o deputado
estadual Evandro Leitão afirmou que, entre os objetivos principais do PDT neste
momento, “estão fechar a coligação (com PSB, PCdoB e PT) e o nome para vice”.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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