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20 de julho de 2018

Quem decide no bloco governista por Érico Firmo


Aspecto que chamou atenção no discurso de Camilo Santana (PT) sobre a aliança é a insistência em falar que a decisão não será imposta por ninguém. “Não há cacique na nossa aliança, não há decisão unilateral. O que há é um processo democrático de diálogo e construção coletiva. ouvir os partidos, ouvir os presidentes, ouvir as lideranças”, falou ele na quarta-feira, na Redação do O POVO.

Adiante na conversa, questionado pelo repórter Carlos Mazza sobre se Ciro Gomes (PDT) permitiria a aliança com Eunício Oliveira (MDB), ele voltou ao ponto: “Não é o Ciro quem manda, nem eu. A gente define tudo de forma democrática”.

Quando algumas coisas precisam ser ditas é porque há a ideia de que ocorre o oposto. Camilo disse que não tem cacique na aliança porque existe a imagem de que os Ferreira Gomes ditam os caminhos. Falou que Ciro não manda porque se imagina que ele é quem decide, sim.

Camilo é realista quanto aos limites do diálogo. “Consenso não vai existir nunca, mas que a gente possa encontrar uma pactuação para construir as melhores alianças possíveis para esta eleição”. Realmente, não vislumbro quanto de conversa se pode ter para fazer Ciro engolir Eunício na aliança, ou para que o emedebista aceite de bom grado ficar fora da chapa oficial.

RECADO

Os Ferreira Gomes têm sido muito duros nas negociações com Camilo. De maneira que não aceitaram que fossem com eles no governo. Em 2010, no auge das pressões sobre a chapa para o Senado, Ciro afirmou que seu irmão Cid Gomes “não aceitaria faca nos peitos” da parte de ninguém. Agora, são eles que dizem que não engolirão Eunício (foto) na mesma chapa que eles. Camilo, conforme ressaltei, não cogita chapa sem o PDT.

Ao dizer que não há cacique na aliança, o governador deixou no ar a ideia de recado dirigido aos Ferreira Gomes, direto ou indireto. Afinal de contas, se houver cacique na aliança, quem haveria de ser se não eles?

O fato é que está criada a situação na qual, se Eunício ficar fora da coligação, estará estabelecida a imagem de que foi imposição dos Ferreira Gomes. Se Eunício estiver na aliança oficial, a impressão que ficará é de que os irmãos foram enquadrados.

ESPAÇO DO PT

Camilo deixou muito claro que não vai ter vaga para o PT na chapa majoritária, além do próprio Camilo. “O PT precisa compreender que o governador já é do PT. Uma aliança como a nossa, com mais de vinte partidos, que tem três vagas, você precisa discutir isso, e não impor”.

O governador, aliás, usa a pressão interna do partido para justificar os desacertos que partem dos demais. “Todo mundo tem divergência, até dentro do partido tem divergência. O PT é exemplo disso. Se tem problema dentro do partido, imagine no conjunto de partidos”.

VICE

Sobre a aliança com o PDT, Camilo ressaltou que o partido hoje ocupa a vice, com Izolda Cela, e a tendência é manter a mesma composição PT/PDT. Indaguei a ele se isso significava manter Izolda na vice. Camilo respondeu que não necessariamente. Que se referia ao espaço do partido na chapa. Perguntei, então, se ele gostaria que fosse Izolda o nome. Camilo afirmou que não iria responder. E acrescentou que eu já sei a resposta.

O que sei é o seguinte: Camilo gostaria ter Izolda como vice de novo. Mas, a decisão é do PDT e há mais gente interessada.

Aliás, considerando que os pedetistas resistem até a ficar numa aliança junto com Eunício, não dá mesmo para ter preferência.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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