8 de julho de 2018

O que move o jogo das alianças políticas


Se o cenário eleitoral no País fosse um tabuleiro de xadrez, todas as peças em jogo teriam sido movidas na última semana. Às vésperas do início da temporada de convenções, período no qual as siglas formalizam a escolha de seus nomes na disputa, a guerra das alianças partidárias se intensificou.

O PDT do pré-candidato Ciro Gomes e o PSB tiveram mais uma rodada decisiva de conversas, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad foi designado pelo PT como um interlocutor privilegiado do partido e o PSDB de Geraldo Alckmin reuniu-se mais uma vez com dirigentes do chamado “centrão”.

Num esforço para ampliar seu tempo de propaganda eleitoral, o presidenciável do PSL Jair Bolsonaro deu como certo o namoro com o PR de Valdemar Costa Neto (sozinho, o PSL garante a Bolsonaro magros 10 segundos de exposição, menos do que o que dispunha Enéas Carneiro). E a Rede de Marina Silva tenta romper o isolamento e fisgar movimentos de renovação política para pavimentar a estrada da candidata até o segundo turno – não com tempo, mas militância.

Feita a muitas mãos, essas negociações vêm esbarrando em dificuldades que adiam a batida final de martelo nas cúpulas das agremiações. Estragos da Operação Lava Jato, realidades locais, falta de recursos e descrença do eleitorado estão entre elas.

Ex-ministro da Educação no governo Lula e professor de Ética da Universidade de São Paulo (USP), Renato Janine Ribeiro avalia que esse escambo de apoios entre as legendas “já ultrapassa o lado ideológico e tem a ver com interesses não exatamente republicanos”.

Segundo o pesquisador, o quadro atual é fruto de um desarranjo político. “O Brasil ficou atrapalhado depois do impeachment (de Dilma Rousseff), cada um faz o que dá na telha. Nessa situação, dá pra entender o Ciro atrás do DEM. E tentar encontrar diferença entre DEM e PSDB é meio ocioso”, disse.

Janine aposta ainda que a “situação da eleição será: Bolsonaro com vaga praticamente assegurada, e depois Lula (ou alguém indicado por ele), Ciro ou Alckmin disputando na faixa dos 10%”.

Cientista político da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer aponta duas variáveis principais que têm incidido diretamente sobre as costuras políticas, atrasando-as: as peculiaridades das alianças estaduais e a indefinição das forças que compõem o “centrão”.

“As conjunturas locais criam uma dificuldade extra”, analisa, das quais os partidos acabam se tornando reféns na formação de um bloco nacional.

Para Fleischer, entretanto, o comportamento pendular do “centrão” é determinante para as eleições. “Tem deputados e senadores que controlam um número suficiente para engordar o tempo. E não acho que eles vão de Alckmin”, arrisca.
Com informações portal O Povo Online

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