Steinbruch é amigo de Ciro, mas tem opiniões divergentes das do presidenciável (foto: Daniel Marenco) |
O
empresário Benjamin Steinbruch ganhou os holofotes midiáticos após pedir o
afastamento da vice-presidência da Federação das Indústrias de São Paulo
(Fiesp) na última quarta-feira, 6. Isso porque o pedido foi feito um dia antes
do fim do prazo para quem pretende se candidatar este ano deixar esse tipo de
cargo, o que fortalece a tese de que ele pode ser o vice do pré-candidato à
presidência da República, Ciro Gomes (PDT).
A
possibilidade da aliança é discutida pelo menos desde o início deste ano.
Embora nenhum dos dois confirme o acordo, Ciro já admitiu que o empresário se
adequa ao perfil que ele procura em um vice. A estratégia do ex-governador do
Ceará é aliar-se a uma personalidade de São Paulo que tenha forte relevância no
meio empresarial, para tentar angariar votos também de ala mais à direita.
Além
de amigo de longa data, Steinbruch já foi até patrão de Ciro. Em 2015, o
presidenciável do Ceará assumiu a diretoria da Transnordestina Logística,
subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), empresa da família
Steinbruch, que é presidida por Benjamin.
O
empresário de 65 anos é o mais poderoso de três irmãos que controlam o Grupo
Vicunha, que inclui a CSN, Vicunha Têxtil, Banco Fibra e outros bens. O império
bilionário é objeto de briga judicial desde março, quando dois primos de
Steinbruch entraram com ação pedindo que todos os bens sejam vendidos e
divididos entre eles.
O
empresário é tratado nas revistas de negócios como “dono de pulso firme”. De
temperamento forte como o de Ciro, Steinbruch também coleciona contradições com
o amigo. A começar pela sua posição na Fiesp, grande apoiadora do impeachment
de Dilma Rousseff (PT). Ele apoiou publicamente o que Ciro chama até hoje de
“golpe”.
A
opinião deles sobre a reforma trabalhista também é contrária. Enquanto o
presidenciável afirma que vai revogar a medida se for eleito, Benjamin elogia a
nova lei. Outro impasse é o fato de o empresário ter se filiado em abril ao PP,
sigla da base do presidente Michel Temer (MDB), alvo constante de críticas de
Ciro.
O
deputado federal Antônio Balhman (PDT), amigo próximo de Ciro, pondera que não
há nada fechado ainda. “Há muitos nomes que, junto do Benjamin, são expressivos
e possíveis”, afirma, citando o também empresário Marcos Lacerda (PSB-MG).
“Mas
o Benjamin tem uma grande ponto positivo que é ser de São Paulo, ser um
empresário experiente, nacional, que estuda os problemas econômicos
brasileiros”, continua. O parlamentar diz ainda que as contradições entre eles
“serão consideradas no momento de escolha”, o que “valerá para todos os nomes”.
Essas
incongruências, no entanto, não afastam completamente a chance de acordo. O
apoio do PP, quarto maior partido da Câmara dos Deputados, daria a Ciro cerca
de dois minutos a mais de TV no horário eleitoral. A legenda já afirmou que não
lançará candidato próprio à Presidência, abrindo caminho à negociação.
Ciro
Nogueira, presidente nacional do PP, reitera que nada está fechado, mas não
descarta a possibilidade de aliança. “Tenho simpatia pelo Ciro, ele é um grande
amigo, eu inclusive já votei nele anos atrás, mas nós temos uma aproximação
hoje com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a nossa prioridade é
apoiar a candidatura dele”, disse. Caso nada seja fechado com Maia, a porta
estaria aberta para Ciro.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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