Na
última terça-feira (5), dez partidos políticos firmaram com o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) um acordo de colaboração para manter o ambiente eleitoral imune
à disseminação de notícias falsas.
Outras
legendas devem seguir o mesmo caminho. Ciente de que as fake news podem
“distorcer a liberdade do voto e a formação de escolhas conscientes”, o
Parlamento brasileiro comprometeu-se publicamente a agir contra elas.
Mas
a luta contra a desinformação também tem que contar com o apoio da imprensa –
tanto a que acompanha diuturnamente a movimentação de atores políticos, quanto
a que se dedica à checagem de fatos e declarações de autoridades, prática
conhecida como fact-checking.
O
jornalismo político-eleitoral precisa ser livre para apontar as imprecisões do discurso
público e investigar condutas questionáveis.
No
período de campanha, ainda mais.
Nas
últimas semanas, vieram à tona relatos de ataques contra jornalistas
especializados na cobertura política – nas ruas e nas redes sociais. Alguns
profissionais chegaram, inclusive, a sofrer agressões físicas, difamações e
ameaças. O TSE repudia esses episódios e se posiciona ao lado dos jornalistas.
A
imprensa é vital a qualquer democracia. Tem a nobre função, entre outras
tantas, de qualificar o debate público, indicando dados corretos e informações
contextualizadas e precisas. Investigar e expor inverdades, com base em
apurações isentas e fontes de dados legítimas, não pode resultar em
hostilidade.
Levantamento
feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) mostra
que, nos seis primeiros meses de 2018, foram registrados 105 casos de violações
contra jornalistas no país.
Um
ódio que se espalhou também no ambiente virtual. Em 10 de maio, o Facebook
inaugurou no Brasil seu projeto de verificação de notícias, algo que deveria
ser bem visto por aqueles que lutam contra a desinformação. É grave o relato de
que profissionais incumbidos de verificar notícias falsas nessa plataforma
tenham sido expostos e ameaçados antes mesmo de começarem a desmentir conteúdos
maliciosamente distorcidos.
Países
com democracias sólidas e textos constitucionais robustos conseguem garantir a
liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, um jornalismo político-eleitoral
combativo, crítico e investigativo. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 40
plataformas de checagem de dados trabalharam durante as eleições de 2016.
Outras cinco participam hoje da iniciativa de verificação do Facebook. Não
houve registros de agressões a seus jornalistas.
O
jornalismo de qualidade pode incomodar, mas sua existência deve ser garantida.
O TSE entende que os jornalistas são fundamentais no processo eleitoral: dão ao
eleitor informações vitais para que o voto seja exercido com consciência. Por
isso, defende os profissionais que lutam para promover a participação ativa dos
cidadãos no processo democrático e repele qualquer tentativa de silenciá-los.
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