5 de junho de 2018

Chuvas dentro da média não melhoram situação hídrica do Ceará


Por pelo menos mais um ano, a tarifa de contingência deve continuar em Fortaleza e Região Metropolitana. Medidas de diversificação da matriz hídrica no Ceará, além de intensificadas, devem continuar sendo priorizadas por tempo indeterminado. 

As precipitações em torno da média histórica não foram suficientes para mitigar a estiagem. Mas, sobretudo, a quadra chuvosa de 2018 ensinou que o Estado precisa aprender a conviver com a seca.


O Ceará registrou uma média de 581,4 milímetros (mm) no último quadrimestre (fevereiro, março, abril e maio). Isso representou um aporte de 2,3 milhões m³ de água no sistema de abastecimento. 

Alcançando, dessa forma, 3,16 bilhões m³ nos açudes, o que representa cerca de 17% da capacidade total de armazenamento. Os dados foram apresentados em balanço, ontem, com coletiva de imprensa na sede da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

Diferentemente do ano passado, a distribuição espacial das chuvas não resultou em um aporte tão significativo na Bacia Metropolitana, explica Eduardo Sávio Martins, presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). 

“Em termos de total de precipitação, foi a maior desde 2012. Nós ficamos na categoria em torno da média, assim como no ano passado, mas a distribuição espacial foi um pouco diferente”. Segundo ele, algumas regiões, principalmente o Sertão Central, ficaram com áreas abaixo da média e, novamente, a região do Coreaú e do Litoral, com chuvas acima da média.


A distribuição se reflete no aporte dos reservatórios, que receberam diferentes níveis de recarga, como explica João Lúcio Farias, presidente da Cogerh.

“É a melhor condição desses últimos seis anos. Há uma situação diferenciada na região mais ao norte e no litoral, que estamos em uma condição confortável para o atendimento às demandas, inclusive da irrigação. Estamos em uma situação crítica no centro do Estado, na Bacia do Banabuiú e no Sertão de Crateús”, destaca o gestor.

A recarga dos grandes açudes, como Orós e Banabuiú, foi aquém do esperado para “ter uma tranquilidade maior para operar os reservatórios”, ele frisa. “Vamos continuar nessas regiões onde a situação é mais crítica, continuar com todas as medidas e a limitação de atendimento a algumas atividades”, projeta João Lúcio Farias.

Levando em consideração que, mesmo dentro da média, as chuvas não resultaram em inflexão na oferta de água, a ideia é “acelerar” processos para desenvolver alternativas de captação, reúso e economia do recurso.

“Nós estamos ainda em uma situação que merece uma atenção especial. Estamos trabalhando em adutoras e alternativas de captação como a dessalinização e o reúso de água”, afirma Francisco Teixeira, titular da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado (SRH).

Além disso, as mudanças deveriam atingir os condomínios habitacionais, por exemplo. “Uma cidade como Fortaleza tem que mudar seu foco de consumo, para todo condomínio captar água da chuva, ter dois sistemas de água. Um com água para dar descarga, para uso geral, e outro para a higiene pessoal. Não podemos jogar água da chuva fora”, enfatiza.


PRAZO
Conforme o secretário de Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, o prazo de chegada das águas da transposição do São Francisco deve ser por volta de novembro. E não agosto, como prevê o Governo Federal.

AÇÕES DE CONVIVÊNCIA ADUTORAS
De 2015 a 2017, foram implantados 430,2 km de adutoras, atendendo uma população de 536 mil habitantes.

POÇOS
De 2015 a 2018, 1.184 poços foram perfurados e 1.260 chafarizes foram instalados em ações da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) e da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH).

Com informações portal O Povo Online

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