Governo
e representantes de caminhoneiros chegaram a um acordo e a paralisação será
suspensa por 15 dias. Em troca, a Petrobras mantém a redução de 10% no valor do
diesel nas refinarias por 30 dias enquanto o governo costura formas de reduzir
os preços. A Petrobras mantém o compromisso de custear esse desconto, estimado
em R$ 350 milhões, nos primeiros 15 dias. Os próximos 15 dias serão
patrocinados pela União.
O
governo também prometeu uma previsibilidade mensal nos preços do diesel até o
final do ano sem mexer na política de preços da Petrobras e irá subsidiar a
diferença do preço em relação aos valores estipulados pela estatal a cada mês.
“Nos momentos em que o preço do diesel na refinaria cair e ficar abaixo do
fixado, a Petrobras passa a ter um crédito que vai reduzindo o custo do
Tesouro”, disse o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
O
governo também se comprometeu a zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico (Cide) para o diesel até o fim do ano e negociará com os estados
buscando o fim da cobrança de pedágio para caminhões que trafegam vazios, com
eixo suspenso. “Chegou a hora de olhar
para as pessoas que estão sem alimentos ou medicamentos. O Brasil é um país
rodoviário. A família brasileira depende do transporte rodoviário. Celebramos
esse acordo, correspondendo a essas solicitações, dizendo humildemente aos
caminhoneiros que precisamos de vocês”, disse o ministro da Casa Civil, Eliseu
Padilha.
Negociações
Para
cumprir a proposta de previsibilidade mensal nos preços do diesel até o final
do ano, o governo precisará negociar com o Congresso em relação ao projeto
aprovado ontem na Câmara que zera o PIS/Cofins para o diesel. A ideia que foi
apresentada hoje é que o tributo não fosse zerado, mas usado para compensar a
Petrobras em tempos de alta no valor do barril do petróleo e manter os preços
estáveis.
Quanto
ao ICMS, que já tem projeto para sua alteração tramitando no Senado, o governo
também precisaria negociar com os governadores, pois se trata de um imposto
estadual. Segundo o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, a discussão será
sobre alterar o cálculo desse imposto, que varia de acordo com o preço do
combustível. Ou seja, se o diesel aumenta, o ICMS também aumenta.
“PIS/Cofins
e Cide é um valor fixo por litro. Como um dos problemas é a previsibilidade em
função da política de preços, vamos conversar com os governos estaduais para
discutir uma sistemática de cálculo do ICMS semelhante ao PIS/Cofins, ou seja,
com uma base fixa”, disse Guardia.
O
ministro da Fazenda explicou que mesmo que o governo ajude na previsibilidade
mensal dos preços, eles ainda poderão variar para cima ou para baixo. Os novos
preços serão calculados mês a mês segundo o mercado. “Nós não estamos dizendo
que não haverá aumento de preço. Vamos reajustar o preço nos termos da
política, calcular um novo preço médio, fixo, que ficará pelos próximos 30
dias. Se ao final de 30 dias a política determinar que haverá queda ou aumento
de preço, haverá. Vai depender do custo dessa política e a disponibilidade
orçamentária ao longo do tempo para gente ir calibrando”.
Sem
unanimidade
A
decisão de suspender a paralisação, porém, não é unânime. Das onze entidades do
setor de transporte, em sua maioria caminhoneiros, que participaram do
encontro, uma delas, a Associação
Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa 700 mil caminhoneiros,
recusou a proposta. O presidente da associação, José Fonseca Lopes, deixou a
reunião no meio da tarde e disse que continuará parado. “Todo mundo acatou a
posição que pediram, mas eu não. [...] vim resolver o problema do PIS, do
Cofins e da Cide, que tá embutido no preço do combustível”, disse Lopes.
Os
ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Carlos Marun (Secretaria de Governo),
Valter Casimiro (Transportes), além do ministro do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, se sentaram à mesa com representantes
dos caminhoneiros decididos a ter um respiro na paralisação, que afeta
distribuição de produtos em todo o país. Os ministros entendem que o governo e
a Petrobras têm mostrado iniciativa suficiente.
Os
representantes dos caminhoneiros pedem o fim da carga tributária sobre o óleo
diesel. Eles contam com a aprovação, no Senado, da isenção da cobrança do
PIS/Pasep e da Cofins incidente sobre o diesel até o fim do ano. A matéria foi
aprovada ontem pela Câmara e segue agora para o Senado. Caso seja aprovava, a
isenção desses impostos precisará ser sancionada pelo presidente da República.
Quarto
dia de paralisação
Ontem foi o quarto dia de paralisação dos caminhoneiros. Em vários estados, foi
registrada falta de alimentos e combustível. Em Brasília, postos fecharam
porque o estoque de combustível zerou. Filas de dezenas de carros se formaram
nos postos que ainda têm gasolina em seus estoques.
Em
São Paulo, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de
Petróleo do estado, José Alberto Paiva Gouveia, informou que, desde o início
dessa quarta-feira (23/05), os postos de abastecimento do estado não receberam
combustível e há estoque para operar só por até três dias.
No
Rio de Janeiro, de acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis
do Município (Sindcomb), ao menos metade dos postos da capital estará, nesta
quinta-feira, sem algum dos três combustíveis: gasolina, diesel ou etanol.
Também começa a faltar gás de cozinha na cidade, pois os caminhões trazendo
botijões ficaram retidos nos pontos de mobilização nas rodovias, o que
praticamente zerou o estoque dos distribuidores do produto.
Com
informações portal Agência Brasil
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