A
presidente nacional do PT deu, na semana passada, declaração que tem muito a
ver com a eleição no Ceará. “O Ciro não passa no PT nem com reza brava”,
afirmou Gleisi Hoffmann.
Era uma resposta a Jaques Wagner (PT), que havia dito
que, no caso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser mesmo impedido de ser
candidato, o partido poderia abrir espaço para aliados. Entre eles, Ciro. E
poderia indicar o vice. Gleisi mostrou evidente discordância.
Ocorre
que, no Ceará, o governador Camilo Santana, petista, reza na cartilha de Ciro.
O PT terá outro candidato. Irá registrar a candidatura de Lula, mesmo na
cadeia. A Justiça Eleitoral, por sua vez, irá indeferir o registro. Até pelo
constrangimento institucional criado por um candidato encarcerado e em campanha
— e que, no cenário de agora, lidera todas as pesquisas — é muito
Então,
o PT terá de arranjar um candidato. Pode ser o próprio Jaques Wagner, pode ser
Fernando Haddad. Ou pode ser alguém de outro partido. A opção mais palatável ao
partido seria Manuela D’Ávila (PCdoB). A mais viável eleitoralmente, Ciro
Gomes.
Agora,
Gleisi rechaça a possibilidade. Daqui até agosto ou setembro — quando o
desenrolar deve se dar — a decisão pode ser mais pragmática. Um fator a
observar será o vice que o PT escolher. Certamente, a decisão terá influência
da postura dos candidatos na campanha em relação a Lula.
No
Ceará, toda essa indefinição será levada para a campanha. Camilo é do PT e
ligado a Ciro. Se o candidato fosse Lula, já seria previsível haver
ambiguidade. Sendo qualquer outro apoiado pelo PT, é improvável ver o
governador fazendo campanha para qualquer um que não seja Ciro.
Porém,
não será situação simples.Até porque o governador cearense será ponte
importante em qualquer perspectiva de acordo, no primeiro ou no segundo turno.
Pelo estilo, Camilo será cauteloso. Vale lembrar que, em 2016, com Luizianne
Lins (PT) candidata a prefeita de Fortaleza, o governador não fez campanha
aberta para Roberto Cláudio (PDT) em todo o primeiro turno. E mesmo pelos
limites impostos pelas regras eleitorais, Camilo não poderá simplesmente fazer
campanha para candidato de outro partido.
Enquanto
perdurar a indefinição sobre a candidatura de Lula e a possível substituição, a
campanha no Ceará não terá clareza.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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