Considero
esta revelação sobre a CIA e a lista de Geisel gravíssima. Um documento
registra uma reunião dois presidentes e chefes militares de elevada hierarquia
discutindo, analisando e decidindo a execução extra judiciais de opositores
políticos, ao largo de qualquer direito de defesa ou recurso institucional.
Arvoraram-se senhores da vida e da morte sobre centenas de pessoas, com todo o
sofrimento que isto significou para suas famílias.
Nos
arrepia a confirmação do obvio: o monitoramento de representantes da embaixada
americana e o aval do secretário de Estado Henry Kissinger. Já era conhecida a
presença de conselheiros e instrutores militares no Brasil e em todos os países
da América Latina, trazendo seus ensinamentos de práticas de tortura aos presos
políticos.
O
documento nos coloca diante de uma assustadora constatação, que não foram
quaisquer agentes de Estado que tomaram a decisão de matar. Esta foi uma
decisão feita por dois presidentes, as duas maiores autoridades de Estado,
mantendo uma criminosa prática que já estava em curso e que continuou nos anos
seguintes.
As
guerras precisam ser declaradas e existem regras mínimas que devem ser
respeitadas pelas forças beligerantes. Claro está que não foi uma guerra, mas
um perverso golpe de Estado, com tanques, baionetas, prisões arbitrárias,
torturas, exilio, mortes,
desaparecimentos e incineração de corpos dos que resistiram à ditadura.
Para
muitos de nossos jovens é difícil imaginar o que significa a supressão, a
subtração de todo e qualquer direito de cidadania, a ruptura de toda qualquer
garantia dos princípios constitucionais do direito à vida.
É
inevitável que a sociedade civil busque se aprofundar no esclarecimento destes
e de outros fatos. Interessa não só aos familiares das vítimas destas execuções
sumárias e extra judiciais. Torna-se imperativo que seja revisada a Lei da
Anistia, que tem mantido sob blindagem os que cometeram crimes de tortura e
outros atos perversos.
O poder judiciário, o ministério público, as universidades, pesquisadores e historiadores devem se movimentar para buscar a verdade. Ausentar-se desta missão é deixar mais e mais vulnerável o alicerce de uma democracia que não se sustentará em paredes de taipa.
O poder judiciário, o ministério público, as universidades, pesquisadores e historiadores devem se movimentar para buscar a verdade. Ausentar-se desta missão é deixar mais e mais vulnerável o alicerce de uma democracia que não se sustentará em paredes de taipa.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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