Acampamento tem sido mantido com doações da sociedade civil (Foto: Thainá Duete) |
Barracas,
redes, músicas, debates e reuniões. O acampamento “Lula Livre”, na praça da
sede do prédio da Justiça Federal no Ceará, no Centro de Fortaleza, completa
hoje o sexto dia. Desde quarta-feira, 11, da semana passada, um grupo se
instalou para pedir a libertação do ex-presidente, preso no último dia 7 em
Curitiba-Paráná.
O
jornal O POVO visitou as instalações na tarde de ontem. Uma reunião de
avaliação da ocupação estava sendo feita no momento da chegada. Do
lado oposto da definição dos próximos passos do movimento, um palco com músico
entretinha os integrantes do protesto.
Conforme
os organizadores, a adesão à mobilização “pacífica”, começou com 500 pessoas e
já chega a 1.500. Liderados pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, os
acampados têm sobrevivido a partir das doações da sociedade civil. São
alimentos, colchões, água, convites para usar os banheiros e estacionamentos.
“Está
tendo uma grande participação da população de Fortaleza. A gente tem recebido
água, colchonete, alimentação... Todo dia chega muita contribuição. A população
de Fortaleza sabe que é um ato importante”, conta Manoel Bezerra, 36, um dos
organizadores do acampamento.
Em
Curitiba, o juiz substituto da 3ª Vara da Fazenda Pública, Jailton Juan
Tontini, proibiu os manifestantes a favor e contra a prisão do ex-presidente
Lula de ocuparem as redondezas da superintendência da Polícia Federal, local
onde o petista está preso. A determinação judicial prevê o pagamento de multa
no valor de R$ 500 mil por dia em caso de desrespeito à ordem de desocupação.
A
organização no Ceará diz que não teme decisão semelhante à que ocorreu na
ocupação do Paraná, já que em Fortaleza não há alteração na ordem pública, como
fechamento de vias ou impedimento do sossego dos moradores do entorno.
“Não
estamos atrapalhando quem está na Justiça Federal, nem atrapalhando a população
no entorno. O trânsito está aberto. Todos os dias pela manhã a gente faz um
debate sobre a mídia, o Judiciário, e, por essa razão, não vejo motivo nenhum
para juiz se posicionar pela retirada dos manifestantes. É uma luta pacífica”,
diz Manoel Bezerra, que também é um dos acampados.
Instalado
na ocupação desde o primeiro dia, o estudante de Direito Samuel Oliveira, 20,
diz que a liderança do ex-presidente na pesquisa Datafolha significa que “Lula
está sendo condenado não pelos erros, mas pelos acertos, pelo medo que a classe
dominante tem de ele estar solto, que ele seja eleito pelo que ele representa,
que é um projeto de nação alternativo ao que a burguesia apresenta”.
O
universitário não crê que o julgamento da ação movida pelo PEN, no Supremo
Tribunal Federal, que questiona as prisões em segunda instância, possa
contribuir para a libertação do petista, que deve cumprir pena de 12 anos e um
mês. A libertação de Lula poderá vir pela mobilização das ruas, e não apenas
pela vontade da Justiça brasileira, diz.
“O
julgamento em si, enquanto no STF, não tenho ilusão que possa ser favorável ao
ex-presidente. O que pode dar um tom diferente é a mobilização de rua. ‘Os
caras’ lá do STF têm lado e não é o do povo. O que pode alterar a correlação de
forças é a mobilização em todo o Brasil”, sustenta Samuel.
Com
informações portal O Povo Online
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