A
oposição no Ceará não tem nome para ser candidato. Então, escolheu um perfil. A
estratégia faz sentido. Se não tem alguém competitivo, busca-se perfil mais à
feição do que se acredita que deseje o eleitor. Fosse definir por nome, haveria
dois competitivos: Tasso Jereissati (PSDB) ou Capitão Wagner (Pros).
Um não
quer de jeito nenhum. Outro poderia se viabilizar. Mas, fez movimentos que
desagradaram o bloco. E oscilou entre as declarações de que seria candidato e
de que não seria. Publicamente falou mal dos possíveis aliados. Não ficou clima
para Wagner ter apoio real dos demais.
Sem
o capitão, o bloco caminha para escolher o general. O motivo e o mote são
claros: segurança. Essa será a tecla na qual o candidato de oposição a Camilo
Santana (PT) irá bater. Quando Tasso estava no segundo mandato de governador e
explodiu a crise na Polícia, ele recorreu a um general para ser secretário. De
lá para cá, outros dois passaram pelo cargo. Agora, pelas mãos de Tasso, um
general pode concorrer ao governo.
Não
deixa de ser irônico que o homem responsável por derrotar os antigos coronéis
venha a lançar um general a governador. A carga embutida é repleta de
simbolismos. A imagem de militares na política agrega componentes que agradam
muita gente: ideia de eficácia na segurança, de força, ordem. Por outro lado, é
uma imagem pesada, carregada, associada a autoritarismo - dado o histórico das
Forças Armadas no poder. É uma imagem conservadora.
Não
é necessariamente ruim, mas é algo que a oposição estadual nunca se assumiu.
Para não ir longe, em 2014, Eunício Oliveira (MDB) disputou com Camilo o posto
de candidato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Estado. O Capitão Wagner que
flertou, ou flerta, com Jair Bolsonaro (PSL) já quis se filiar ao Psol.
Há
militares de esquerda, obviamente. Generais inclusive. E capitães - vide Luís
Carlos Prestes e Carlos Lamarca. Não parece o caso de Guilherme Theophilo,
herdeiro de uma tradicionalíssima, sesquicentenária, família de militares. De
todo modo, o fato de a oposição assumir uma candidatura conservadora sem
disfarces ajuda a deixar as coisas claras para o eleitor.
A
chance de a empreitada ser vitoriosa me parece remota. Não me parece que o
general imagine que vai estrear na política, num estado que não é o seu, e se
veja eleito governador de cara. Também a oposição não se move como quem espere
a vitória. Para o grupo de partidos, um resultado honroso já estará de bom
tamanho. Assim como, para Theophilo, desempenho capaz de projetá-lo para
eleições futuras será bastante proveitoso. O que vier além disso será muito
lucro.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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