No
feriado de 15 de novembro de 2013, o então presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), Joaquim Barbosa, mandou prender três figuras nacionais do PT: José
Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares. Tratava-se de evidente jogada com fins
políticos.
“O
fato de ser a data da comemoração da República completa o simbolismo ideal para
um possível futuro candidato a chefe do Executivo”, escrevi nesta coluna no dia
seguinte.
Passados
quatro anos, na véspera do prazo se esgotar, o ex-ministro do STF filiou-se ao
PSB (Partido Socialista Brasileiro), de modo a talvez cumprir o vaticínio e concorrer
à Presidência da República. A escolha do PSB é ad hoc. Diversas legendas
poderiam servir de veículo para o plano concebido no julgamento da Ação Penal
470.
Dirigentes
da sigla fundada por Miguel Arraes se queixam de não saber quais são as ideias
de Barbosa. Na realidade, ninguém as conhece, talvez porque elas não sejam
necessárias.
Tendo
se transformado numa celebridade da mídia no processo do mensalão, Barbosa
encarna o princípio de que a Justiça deve ser igual para todos, o qual
constitui o lema único do PJ (Partido da Justiça), a sua verdadeira agremiação.
Sendo
negro, de origem pobre e eleitor de Lula, completa-se o perfil imaginário
supostamente capaz de substituir o do próprio ex-mandatário, agora preso.
Pró-forma haverá um programa, mas a tendência é Barbosa entregar a economia aos
que dela entendem, concentrando-se em distribuir “justiça” em todo o Brasil.
A
candidatura do ex- relator do mensalão é a consequência natural do trabalho
metódico contra a o establishment partidário posto em prática pelo PJ desde
2012.
Os
seus gestos espalhafatosos contribuíram para que houvesse junho de 2013. Depois
das grandes manifestações vieram, et pour cause, as prisões midiáticas já
citadas. Sergio Moro aprendeu com ele e, no Dia da Proclamação da República de
2014, os jornais noticiavam a detenção de 23 donos ou dirigentes de
empreiteiras com negócios na Petrobras.
O
cientista político Luiz Werneck Vianna entendeu que se tratava de um
“tenentismo togado”, o qual se distinguiria do tenentismo dos anos 1920 e 1930
por não ter um programa para o Brasil. O combate à corrupção é, sem dúvida,
meritório, e merece aplausos. Mas transformá-lo em objetivo único constitui
biombo para esconder conflitos de fundo.
Dado
o arraso causado pela sequência mensalão-Lava Jato, era provável que o PJ
apresentasse um candidato para ocupar o vazio que ele mesmo criou. Do ângulo
estritamente eleitoral, pode dar certo. Outra coisa é saber se será capaz de
construir um rumo coletivo para nos tirar da crise.
Publicado
originalmente no portal Tijolaço
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