A
oposição no Ceará testa o general Guilherme Theophilo como candidato. Por ora,
é um balão de ensaio, a conferir se consegue ou não se firmar. Mesmo os
otimistas acham que ele nem precisaria ir ao segundo turno para fazer boa
figura. Um desempenho digno já seria de se comemorar. Porém, o problema é
maior. A falta de rumo do grupo que se contrapõe a Camilo Santana (PT) não é
apenas pela ausência de nome competitivo para a disputa.
O problema começa pelo
fato de não ser um bloco. Não existem forças estruturadas, organizadas,
minimamente coesas que façam questionamento ao governo. Não há constância, presença
de atuação na Assembleia Legislativa - e não é por não haver munição para
tanto. Nem há plataforma política, bandeiras, discurso, coisa nenhuma.
O
eventual governo que surgiria de uma possível coalizão oposicionista seria uma
baita incógnita. Estão lá desde Tasso Jereissati (PSDB), de inclinações
liberais e de redução do Estado, até o Capitão Wagner (Pros), cujos apoios e
atuação estão pautados em corporações de servidores públicos. No meio disso,
estão Lúcio Alcântara, de volta ao PSDB 12 anos depois de protagonizar, com
Tasso, o mais ruidoso rompimento da política cearense neste século. Está
Roberto Pessoa, que também já disse e ouviu muitas e más sobre e de Tasso.
O
novo e revigorado PSDB emerge com o improvável retorno de Lúcio e a entrada de
Roberto Pessoa, depois de ter visto o controle do PR ser tomado dele para ser
entregue à deputada federal Gorete Pereira e ir assim parar na base governista.
Também
na oposição,está Genecias Noronha (SD), dono do maior reduto de votos do Ceará
na atualidade. Nenhum líder político tem tamanho controle sobre um colégio
eleitoral quanto ele em Parambu. Uma forma, digamos, muito tradicional de fazer
política. E há o MDB, doido para ficar na base de Camilo, mas com receio de ser
colocado para fora da aliança governista. Não que a minguada oposição possa
rejeitar o presidente do Senado, Eunício Oliveira. Mas, é uma incógnita como
ele seria recebido.
Para
complicar, o próprio Tasso tem relação bastante cordial e faz elogios a Camilo.
Não estivesse o governador filiado ao PT e comprometido com dois pré-candidatos
a presidente - Ciro Gomes (PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva ou quem quer que o
PT indique - o caminho mais óbvio seria os tucanos estarem na base aliada.
Genecias também faz afagos em relação ao Palácio. Não faz muito tempo, posou
sorridente em foto com o governador. Em eleições passadas, chegou a declarar
apoio a um lado e mudar para o outro conforme as negociações se afunilam. Ele
controla muitos votos, entrega a mercadoria, mas pede alto em troca.
Esse
é o panorama do grupo que,em tese, almeja chegar ao poder no Ceará. Oferecer
alternativa ao ciclo que completará 12 anos no cargo. Não é propriamente um
projeto. A chegada de um general de fora da política, que fez carreira longe do
Estado, não é propriamente algo que deixe o cenário mais claro.
É
uma pena que há tanto tempo o Ceará não tenha oposição forte, consistente e que
não aparece apenas nas eleições. É sintoma da miséria da política estadual.
Grupos oposicionistas fortes só se viabilizam quando vislumbram chances de
chegar ao poder. Por isso, eles nascem dentro dos governos. Foi assim que Cid
Gomes rompeu com Lúcio Alcântara meses antes da eleição para virar governador.
E que Eunício tentou o mesmo em 2014, sem o mesmo sucesso.
É
necessário para a democracia haver oposição real. A situação de falta de
contraponto que se tornou regra no Ceará é lastimável. Desse cenário se chega ao
que acontece hoje no Ceará: improvisa-se um nome para tentar transformar em
governador. Não é a forma mais séria e respeitosa de tratar a população e o
Estado
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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