Lula saiu nos braços da militância após fazer o discurso e anunciar que iria se entregar (Foto: Francisco Proner) |
Diante
de uma multidão de militantes incansáveis na frente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, o ex-presidente Lula anunciou ontem (07/04) sua decisão de se entregar e que cumprirá a condenação de 12 anos de
prisão decretada contra ele. “Vou cumprir o mandado (...) e cada um de vocês se
transformará em um Lula”, afirmou o ex-presidente, que proclamou sua inocência
e acusou o juiz Sérgio Moro de “mentir”.
A
militância reagiu em coro, gritando “não se entrega, não se entrega!” e “sou
Lula!”. Segundo o ex-presidente (2003-2010), sua condenação obedece ao
propósito de evitar o retorno da esquerda ao poder nas eleições de outubro, nas
quais é apontado como favorito pelas pesquisas.
“Eu
há muito tempo atrás sonhei que era possível governar esse país, envolvendo
milhões de pessoas pobres na economia, nas universidades, criando milhões de
empregos”, declarou.
“Esse
crime eu cometi. Eu cometia esse crime que eles não querem que eu cometa mais.
É por conta desse crime que já tem uns 10 processos contra mim. E, se for por
esse crime, de colocar pobre na universidade, negro na universidade, pobre
comprar carro, pobre andar de avião, se esse é o crime que eu cometi, eu vou
continuar sendo criminoso nesse país, porque eu vou fazer muito mais”, afirmou,
ao lado de várias lideranças de esquerda, entre elas sua herdeira política, a
ex-presidente Dilma Rousseff.
“Eu
acredito na Justiça. Numa Justiça justa, que vota um processo baseado nos autos
do processo, nas informações das acusações, das defesas, na prova concreta”,
disse Lula, alegando que Moro não tem provas para condená-lo como beneficiário
de um apartamento entregue pela construtora OAS para tirar proveito de
contratos na Petrobras. “Ele (Moro) mentiu dizendo que (o apartamento) era
meu”, frisou..
Ao
final de seu emocionado discurso, o petista foi carregado pela multidão. Lula
tentou encorajar a militância e seus partidários, cercando-se de jovens
candidatos de outros partidos de esquerda e reafirmando um programa de defesa
dos direitos sociais e das estatais. O momento ainda parece particularmente difícil
para boa parte, porém.
Pouco
antes do início da missa em homenagem à dona Marisa Letícia, um juiz do Supremo
rejeitou o último recurso apresentado pelos defensores de Lula para bloquear o
mandado de prisão - um golpe de misericórdia para a defesa.
Quando
Lula voltava para o sindicato cercado por seus correligionários, a música parou
de repente e, pelo alto-falante, pediu-se a presença de um médico, por um
suposto mal-estar do ex-presidente. Logo circulou a informação de que ele
havia-se restabelecido, observou uma jornalista da AFP no local.
A
missa foi realizada em memória da ex-primeira-dama Marisa Letícia, falecida em
fevereiro de 2017.
Com
informações portal O Povo Online
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