Tomates,
ovos, pedras e tiros têm sido os protagonistas das últimas manifestações
públicas no Brasil envolvendo lideranças políticas e integrantes do Judiciário.
Das críticas sadias típicas da democracia de qualquer nação, o Brasil vive
atualmente uma onda de ódio que deixou as redes sociais e, agora, passou a
ocupar as ruas.
O
último grave episódio de intolerância nas manifestações públicas ocorreu na
última terça-feira (27/03) quando a caravana do ex-presidente Lula, que viajava
pelo Sul do País, foi alvejada com disparos de arma de fogo. A Polícia Civil
investiga sob o prisma de tentativa de homicídio.
No
início deste mês, a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, do Psol, foi
brutalmente executada a tiros. A parlamentar tinha posições firmes em defesa
dos direitos humanos e fazia denúncias contra a Polícia Militar e as
investigações ainda não apontam suspeitos. O caso foi o ápice do ódio político
que ameaça dominar o Brasil.
Para
cientistas políticos consultados pelo jornal O POVO, a situação atual do País não
surgiu da noite para o dia. Foi um processo de construção que uniu os mais
diversos elementos. “Esse processo vem desde o impeachment, arrastando pessoas
e segmentos da classe média para um chamamento muito radical”, diz a
historiadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Dulce Pandolfi. Os primeiros
sinais da radicalização deveriam ter sidos “censurados” para evitar o
crescimento das práticas totalitárias, continua a pesquisadora.
O
especialista em Ciências Políticas, Igor Pinheiro, aponta que parte da “culpa”
do clima de acirramento é do Partido dos Trabalhadores (PT) que “decepcionou”
parte da população brasileira durante os governos Lula e Dilma.
Pinheiro,
no entanto, destaca que a decepção não justifica os ataques e a intolerância.
“Esses comportamentos são reflexos da falta de espírito de democracia do povo
brasileiro. Se decepcionou, a resposta é na urna, não pode tomar medidas
extremas. Isso é falta de maturidade democrática”, pontua o professor. A
socióloga da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Monalisa Soares, relembra
que a onda de intolerância foi iniciada em 2014 com a polarização política no
Brasil se fortalecendo quatro anos depois. Segundo ela, o movimento se organizou em torno do
“antipetismo”.
“De
2014 para cá, esse tipo de polarização se aprofundou porque a crise política
brasileira se aprofundou. A crise não se resolveu e esse ódio foi sendo
cultivado. Você passou a ter candidatos porta-vozes desse ódio. Significa muito
para as pessoas ter um representante que faz claramente críticas às mulheres,
negros, ao movimento LGBT… Esse fator não vai constranger”, destaca a
professora, em referência à pré-candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro
(PSL) à presidência da República.
Com
informações portal O Povo Online
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