A
possibilidade de o PT apoiar o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) na eleição
presidencial ficou ainda mais difícil depois que ele se ausentou dos atos em
São Bernardo do Campo, em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). Os petistas têm convocado união da esquerda contra a prisão de Lula e têm
amargado o distanciamento do pré-candidato pedetista.
Lula
discursou no último sábado (07/04) ao lado de Guilherme Boulos (Psol) e Manuela
d’Ávila (PCdoB), que também são nomes que devem disputar o Palácio do Planalto
nas urnas. Durante o ato, Ciro estava nos Estados Unidos e não enviou nenhum
representante do PDT.
Embora
Lula tenha recebido o ex-governador Cid Gomes, irmão de Ciro, acompanhado do
governador Camilo Santana (PT), a ausência do pré-candidato tem repercutido mal
dentro do partido no momento mais delicado para o PT desde a abertura da
investigação contra o ex-presidente.
“O fato é que estava lá quem era do campo
da democracia e da defesa dos direitos fundamentais”, farpeou o deputado Afonso
Florence (PT-BA) em entrevista ao jornal O POVO.
Embora diga que o assunto não foi
discutido internamente, o parlamentar entende que o comportamento de Ciro abre
dúvidas sobre a postura política adotada na pré-campanha. “Parece um jogo
eleitoral que tem a pretensão de testar o campo da esquerda e colher votos do
governo Temer. Não sei qual é a orientação política dele”, diz.
Florence
considera “confusos” os posicionamentos do ex-ministro e julga que eles afastam
Ciro do campo das esquerdas. “Principalmente porque não era só o PT que estava
lá”, justifica.
A
fala é acompanhada pelo deputado Assis Carvalho (PT-PI). Ele reagiu à
declaração de Ciro na última sexta-feira, (06/04) que disse não ser um “puxadinho do
PT”. “Eu só posso lamentar. Ninguém está discutindo ‘puxadinho’, a gente está
cobrando o cumprimento da Constituição”, disse.
Ontem (09/04),
o presidente do PDT, Carlos Lupi, negou que a ausência no ato político anterior
à prisão de Lula signifique distanciamento estratégico do PT. Ele defendeu que
o bloco tem articulado divulgação de novo manifesto pela unidade dos partidos
de esquerda. “Como é que a porta pode estar fechada (para o Ciro)?”, declarou.
Conforme
o deputado Antônio Balhman (PDT-CE), a união das esquerdas foi ideia
capitaneada por Ciro e deve ocorrer quando for para “discutir questões
essenciais do País”. “Tudo o que estava sendo feito até agora era em cima de
uma emergência. Quem tiver juízo vai sentar para discutir o Brasil”, afirmou.
Para
o sociólogo Clésio Arruda, o comportamento de Ciro Gomes é uma aposta política,
cujos resultados não podem ser mensurados de imediato. A decisão, sob a ótica
do especialista, é motivada pela incerteza sobre a capacidade de transferência
de votos. “Ciro está apostando alto, porque faz isso politicamente. Ele vem com
um índice considerado baixo e pondera o que agregaria essa aproximação nesse
momento atual”, analisa o sociólogo, considerando que, ao se manter neutro,
Ciro pode estar mirando em votos de eleitores mais ao centro.
Com
informações portal O Povo Online
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