O
crescimento do acirramento político no País pode trazer consequências ainda
impensadas. A ruptura democrática, o que parece impossível para o momento, já
surge na roda de discussão dos formadores de opinião no campo acadêmico como
risco iminente. “Espero que algumas pessoas de bom senso consigam ter papel de
apagar esse incêndio”, é o que defende a historiadora Dulce Pandolfi, da
Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Pandolfi
diz que a imprensa, que segundo ela teve responsabilidade no alimento ao ódio,
pode ter papel importante nesse processo de reconstrução da democracia no
Brasil. Aos olhos da socióloga, a possibilidade de as eleições de outubro
estarem impedidas de acontecer pela onda de intolerância nas ruas é algo
“trágico”.
“O
caminho não deve ser suspender as eleições, o caminho é que algumas figuras de
bom senso consigam entender que têm que recuar e buscar conciliação, virar para
as suas bases e encontrar uma solução para a situação”, defende a pesquisadora.
O
professor de Ciência Política, Adriano Gianturco, do Ibmec de Minas Gerais,
cita o pesquisador norte-americano Jonathan Haidt ao lembrar que “a política é
tribalismo e o homem é essencialmente tribal” no sentido de lidar com o
diferente e, em muitas oportunidades, partir para o enfrentamento.
“Geralmente
as pessoas têm pouco contato com quem pensa diferente, e o ódio parte dessa
polarização”, pontua Gianturco.
O
professor lembra o filósofo alemão Carl Schmitt para explanar o modo de fazer
política na atualidade. Ele diz que a atividade no País é caracterizada pela
dicotomia “amigo-inimigo”. O discurso do “nós contra eles” tem, conforme
argumenta o professor, alimentado o discurso de ódio.
O
sentimento odioso que se consolidou nas redes sociais e agora ganha as ruas
pode trazer consequências graves para a democracia como a dificuldade da
realização do pleito de outubro, segundo Ginaturco. Ele ressalta, porém, que a
situação pode ser ainda pior. “A campanha eleitoral nunca acontece em condições
perfeitas, agora, sinceramente, me preocupa mais a vida normal da população”,
afirma.
A
prática raivosa da política, ainda conforme Gianturco, é praticada no mundo
inteiro através dos chamados “extremistas”. No Brasil, conta, o número de
integrantes desses movimentos tem crescido. E preocupado.
“Eu
acho que, em parte, em todos os países, sempre você teve grupo de militante de
extrema esquerda e direita, isso é normal. Agora, são grupos muito
minoritários, mas claro os conflitos entre eles são tensos e isso é grave.
Esses grupos, no entanto, estão ficando um pouco maiores e envolvendo mais
pessoas”, revela o pesquisador do Ibmec.
Com
informações portal O Povo Online
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