Quanto
menos promissora se torna a candidatura de Michel Temer (MDB), mais necessário
para ele se torna disputar a reeleição. Aliás, é muito importante para ele
vencer a eleição, por improvável que isso seja hoje.
Ontem,
quatro pessoas foram presas pela Polícia Federal na Operação Skala. Três são
amigos muito próximos a Temer. Os quatro são investigados em esquema de
corrupção no qual o presidente teria sido favorecido —e que motivou a quebra do
sigilo.
Um
dos presos, José Yunes, é um dos mais próximos amigos de Temer. São cerca de 60
anos de relação. Fosse um trabalhador, essa amizade estaria perto de se
aposentar até pelas regras previstas na reforma da Previdência (se seguisse o
critério pelo qual o hoje presidente se aposentou, já estaria recebendo há anos
pelo INSS). Yunes foi assessor do presidente até dezembro de 2016 e deixou o
cargo após ser citado em delação pelo doleiro Lúcio Funaro.
Outro
detido foi o coronel da Polícia Militar, João Batista Lima Filho, tido como
homem de confiança do presidente para todo tipo de serviço. A dar crédito às
suspeitas, todo tipo mesmo. No escritório dele, a Polícia Federal achou, no ano
passado, recibos de despesas familiares de Temer. Ricardo Saud, ex-diretor da
JBS. informou ter mandado entregar R$ 1 milhão em espécie em sede de empresa do
coronel. O dinheiro seria destinado a campanha do PMDB e teria sido pago a
pedido de Temer.
Outro
preso, Wagner Rossi (MDB), foi ministro da Agricultura nos governos de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). Com a petista, ficou sete
meses no cargo e caiu sob denúncias. Foi colocado lá por Temer. Joesley Batista,
da JBS, disse que foi Rossi quem o apresentou a Temer, no fim do governo Lula.
Yunes,
em depoimento espontâneo à Procuradoria Geral da República (PGR), revelou, por
sua vez, que o hoje ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (MDB), pediu a ele
que recebesse “documentos” em seu escritório. Apareceu o doleiro Funaro com um
pacote, cujo teor Yunes disse não saber. Conforme as denúncias, teria sido
dinheiro. Padilha, assim como o presidente, foi denunciado ao Supremo, mas o
prosseguimento do processo foi interrompido por decisão da Câmara.
Outro
dos mais próximos aliados de Temer, o ministro Moreira Franco (MDB), da
Secretaria Geral, também foi denunciado ao STF e está na mesma situação. O
presidente editou medida provisória para dar a ele status de ministro e, assim,
foro privilegiado, às vésperas de a denúncia ser feita.
Ex-ministro
da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (MDB) foi preso duas vezes, a
última após malas com R$ 51 milhões serem encontradas em apartamento ligado a
ele. Henrique Eduardo Alves (MDB), ex-presidente da Câmara e ex-ministro, foi
detido e está hoje em prisão domiciliar, acusado de corrupção relacionada a
obras do estádio em Natal para a Copa de 2014.
Para
chegar mais perto de Temer do que esse grupo, só se pegarem Marcela e
Michelzinho.
Há
duas denúncias contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF), sobrestadas por
decisão da Câmara dos Deputados. Responde por corrupção, obstrução de Justiça e
organização criminosa. Serão desarquivadas tão logo perca o foro privilegiado.
Nunca um presidente brasileiro havia sido denunciado em pleno mandato por crime
comum. Temer foi duas vezes.
No
começo do mês, o Supremo autorizou a quebra do sigilo bancário do presidente.
Foi a primeira vez que um presidente teve seus dados financeiros por ordem
judicial no exercício do mandato.
Se
Temer ficar sem mandato a partir do ano que vem, sua situação jurídica e
policial periga se complicar bastante. Ele precisa, acima de tudo, de foro.
Só
falta mesmo, com todo discurso de moralidade e ética que circula por aí, o
brasileiro reeleger presidente com esse inigualável currículo.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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