Presidente
estadual do PDT, o deputado federal André Figueiredo saia na tarde de ontem do
gabinete do governador. Na antessala de Camilo Santana (PT), a coluna o
questionou sobre a aliança com o senador Eunício Oliveira (MDB). “Ainda muita
água vai rolar”.
Ele destacou que a prioridade para o partido é a reeleição do
governador e a candidatura de Ciro Gomes (PDT) a presidente da República. A
seguir, foi bastante assertivo sobre a maior pendência na chapa: “O PDT não
vota em Eunício Oliveira”, falou em tom que soou definitivo.
Ciro
já havia afirmado ao O POVO que a aliança com o MDB no Ceará teria de ser
submetida ao comando nacional.
“Nós do PDT temos tradição de respeitar a
autonomia das instâncias locais. Entretanto, nós aprovamos, para valer para o
País inteiro, uma resolução em que, se a coligação tiver de se explicar, tiver
contradição, tipo essa, o assunto tem de ser levado para a executiva nacional
para exame e deliberação. Portanto, será um diálogo entre a sessão local, que é
presidida pelo deputado André Figueiredo, e o diretório nacional”, afirmou
Ciro, em entrevista que O POVO publicou na última quarta-feira.
Protagonista
dos bate-bocas mais virulentos com Eunício, Ciro afirmou, na mesma entrevista,
que a relação antes conflituosa “distensionou bastante”. E acrescentou: “Não
serei eu a criar um obstáculo”. O problema, porém, tem vindo da cúpula
nacional.
Na
semana passada, O POVO já havia mostrado que o presidente nacional Carlos Lupi
é contra o acordo eleitoral com Eunício. “A gente está acusando, denunciando,
como a gente vai estar junto (do MDB)?”, questionou, levando em consideração a
situação nacional. Ele defendeu duas candidaturas pedetistas a senador no
Ceará: Cid Gomes e André Figueiredo.
Na
conversa ontem, Figueiredo deu a senha do caminho que se desenha: Camilo pode
até apoiar Eunício - e tudo caminha para isso acontecer. Porém, o PDT pode não
compor a aliança com o MDB. É possível que a base camilista tenha aliança com
Cid Gomes, Eunício e André Figueiredo. Serão duas vagas em disputa.O PESO DO
PDT
Não
deixa de ser curioso que o PDT tenha resistência a se aliar ao MDB - o “partido
do golpe” - e o PT não tenha. Camilo é evasivo sobre qual a influência o
eventual veto do PDT pode ter à aliança com Eunício. Indaguei se o partido da
família Ferreira Gomes teria poder de veto à aliança. “Nós vamos tratar no
momento certo”, disse, rindo em seguida.
O
governador indicou a aliança como tendência. “É natural que haja aproximação
cada vez maior”. Entretanto, ele ressaltou que a decisão não é só dele. “Não
depende simplesmente só do governador. A questão está sendo discutida com
lideranças, com partidos da base. Isso deverá ser consolidado, ampliada a
discussão até os prazos legais para as coligações”.
Complicador
extra é o cenário nacional. Camilo é do PT, que deve ter candidato a
presidente. O PDT, por sua vez, tem Ciro na disputa. Eunício tem declarado
apoio a Lula, que nem se sabe se concorrerá. Camilo se equilibra entre as
contradições de sua base de apoio.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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