Você
já parou para pensar em quantas vezes por dia desbloqueia o seu celular? Estima
quantas vezes perde o foco em uma atividade importante para checar notificações
das redes sociais? Certamente mais do que o esperado.
Estamos
24 horas por dia, 7 dias por semana, conectados por um aparelho que está sempre
ao alcance da mão. Estamos incessantemente conectados aos outros, afinal a
internet nunca fecha. Ficamos off-line no máximo quando o celular descarrega ou
quando se perde o sinal da rede móvel, o que pode transformar alguns minutos em
uma “eternidade em miniatura”, como diria o insuperável lusitano Fernando
Pessoa. Quando chegamos a qualquer lugar, a saudação obrigatória parece ser
“qual a senha do wi-fi?”.
É
a era da hiperconectividade. Os benefícios proporcionados por essa tecnologia
são indisfarçáveis . Mas os prejuízos precisam ser discutidos, principalmente
porque a torrente de estímulos a que somos continuamente submetidos não vem
acompanhada de regras nem protocolos, nem de etiquetas – muito menos nos dá
tempo para processar e refletir sobre tudo isso.
Além
do inevitável déficit de atenção, efeito devastador da hiperconectividade pode
ser verificado nas relações de trabalho, quando funcionários simplesmente não
conseguem se desvencilhar da tensão de manter-se conectado com os problemas da
empresa via e-mail ou WhatsApp. Não é necessário interagir ativamente com as
situações tratadas por mensagens, pois a simples preocupação em mostrar-se
disponível já pode elevar a ansiedade a patamares preocupantes. Outros
problemas já bastante presentes, segundo alguns estudos, são a dependência e a
incapacidade de gestão do tempo.
Todo
o aparato de conectividade é pensado justamente para nos prender à tela pelo
maior tempo possível. Cabe a nós o esforço de diminuir essa exposição – nem que
para isso tenhamos que reler a “Odisseia” de Homero e reinventar os artifícios
de Ulisses contra o canto das sereias: tapar nossos ouvidos às notificações e
nos distanciarmos fisicamente do aparelho celular.
Confesso
que decidi me permitir essa experiência, tente também visitar essa “Odisseia”.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.