Insuspeita
de “esquerdismos”, a colunista Vera Magalhães, do Estadão, foi precisa ao
comentar a “performance” de Sérgio Moro no Roda Viva, com o seu companheir de
ocaso Augusto Nunes.
“Seu
verdadeiro intento (de Moro) ali era fazer aquilo que disse na primeira
resposta que não faria: ser censor do STF, pressionar a corte a não rever sua
jurisprudência que autoriza prisão após condenação em segunda instância nem
conceder habeas corpus para Lula”. Ponto.
Claro
que ele preferiria que, negado o habeas corpus, o programa pudesse servir para
exibir-se como um pavão, anunciando a prisão de Lula. Coisa que um juiz
minimamente sóbrio jamais faria.
Os
planos mudaram e ele apelou para a técnica da fábula da raposa e do corvo, onde
os elogios da primeira só visavam que o pássaro abrisse o bico e lhe deixasse
cair o queijo.
Coisa
de gente torpe.
Mas
em um momento, ao espalhar sua pretensão de, além de dar conselhos ao STF, ao
eleitor e até a quem vier a ser o novo presidente da República, Moro escorregou
e confessou que prega uma decisão judicial que desrespeita a Constituição.
Foi
quando sugeriu que “o próximo presidente da República proponha uma emenda
constitucional para colocar na Carta Magna do país a prisão após condenação em
segunda instância”.
Ora,
se é preciso uma emenda para colocar na Constituição, é porque não está lá. E
se não está, não pode ser feita.
Houve
outros pontos no programa que seriam importantes se Sérgio Moro tivesse algum
apreço pela verdade, como a recusa em admitir que pediu desculpas – da boca
para fora, como se vê – ao Ministro Teori Zavascki pela divulgação ilegal dos
áudios de Dilma Rousseff. Mas isso, depois da condenação de Lula por ser dono
de um apartamento que nunca foi seu, francamente, é como esperar que bananeira
dê jacas.
Essencial
e argumento demolidor contra a prisão antes do trânsito em julgado de sentenças
é sua confissão de que isso precisa ser incluído na Constituição que hoje o
proíbe.
O
que o torna, a ele e aos juízes que a legitimarem, contrários à lei maior do
país.
Publicado
originalmente no portal Tijolaço
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