Os magistrados protestaram durante cerca de duas horas no Fórum Autran Nunes (Foto: Mauri Melo) |
Em
protesto por reajuste salarial e manutenção do auxílio-moradia, juízes federais
dizem que sofrem “retaliação” por investigar casos de corrupção no País. O
estopim seria a operação Lava Jato. Ontem, magistrados da União paralisaram as
atividades no Ceará, acompanhando manifestação nacional. Pela manhã, realizaram
ato na parte interna do Fórum Autran Nunes, no Centro de Fortaleza.
As
varas da Justiça Federal funcionaram em regime de plantão. Das 35 varas na
Capital e no Interior, apenas três funcionaram normalmente. A mobilização
recebeu apoio de procuradores do trabalho e da República.
Cerca
de 40 pessoas participaram do ato no fórum, onde funciona o Tribunal Regional
do Trabalho (TRT). O protesto durou cerca de duas horas. Não houve adesão de
outras categorias ou de servidores. Os magistrados explicaram que o protesto
tinha o objetivo de informar a população sobre ataques contra a independência
dos juízes federais.
“Se
aviltada a remuneração, por certo, também fica enfraquecida a carreira dos
magistrados”, defendeu Thiago Mesquita Teles de Carvalho, delegado estadual da
Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), entidade que organizou a
mobilização nacional.
No
entanto, ele reforçou que o protesto extrapola a reivindicação por melhores
salários. Os magistrados também criticam projetos de lei que, na avaliação
deles, podem interferir na independência dos juízes, como as matérias que
criminalizam o abuso de autoridade e as prerrogativas de advogados.
“Diversos
projetos de lei vêm surgindo no sentido de aparentemente procurar dificultar o
trabalho firme que o Ministério Público, a Justiça e a Polícia Federal vêm
fazendo no combate à corrupção”, argumentou.
Os
magistrados ainda cobram reajuste de cerca de 20% nos salários. “Nós também
somos trabalhadores, precisamos comer, sustentar a família, etc, defendeu o
presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho da 7ª Região (Amatra VII),
Antônio Gonçalves Pereira.
A
manifestação foi uma semana antes de o STF julgar a manutenção do pagamento de
auxílio-moradia de R$ 4.377 para os magistrados. Ainda assim, os manifestantes
descartaram que o ato tivesse o objetivo de pressionar os ministros. “A nossa
preocupação é de alertar a sociedade”, alegou o presidente da Associação dos
Juízes Federais da 5ª Região, Julio Coelho. Ele, no entanto, localiza a questão
como um dos pontos da pauta. “Qualquer cidadão que tem um direito previsto em
lei não vai exigir que seja cumprido?"
Conforme
o Tribunal Regional do Trabalho, das 18 varas na Capital, apenas duas
funcionaram normalmente. No Interior, Maracanaú, Quixadá e Crateús aderiram ao
movimento
O
movimento é liderado pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), a
Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), a Associação
Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e a Associação Nacional dos
Procuradores do Trabalho (ANPT).
As
paralisações ocorreram no País inteiro, de acordo com a Ajufe, entidade que
puxou os atos. Pela manhã, além do Ceará, Salvador e São Luís realizam atos na
manhã de ontem. À tarde, os atos ocorreram em Brasília, São Paulo, Rio de
Janeiro, Porto Alegre e Belém.
Conforme
balanço parcial, 50% dos juízes federais aderiram ao movimento no Distrito
Federal. Entre os juízes do trabalho, o número é de 66 entre 88 magistrados,
entre DF e Tocantins. No Brasil, de 1.577 varas trabalhistas, 699 estão
mobilizadas, de acordo com a Anamatra.
Com
informações portal O Povo Online
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