Plenário da Assembleia Legislativa do Ceará (Foto: Anísio Alcântara) |
A
janela partidária que se abre na próxima quarta-feira (07/03) vai consolidar a
reorganização das forças políticas no Estado, que vem acontecendo de forma mais
intensa desde o último semestre. A tradicional dança das cadeiras oficializará
o aumento da base do governador Camilo Santana na Assembleia Legislativa do
Ceará (AL-CE), além do enfraquecimento da oposição no que diz respeito, ao
menos, ao número de representantes e à sua força de articulação dentro da Casa.
A
janela partidária é, na prática, um “passe-livre” de um mês dado aos políticos
de mandatos proporcionais para que possam trocar de partido sem correr o risco
de sofrer punições por infidelidade. O período, desta forma como é hoje, foi
criado na chamada minirreforma política de 2016. No total, cerca de 25% dos
deputados da AL-CE devem trocar de sigla.
A
tendência é de que partidos que antes formavam o bloco opositor esvaziem-se,
sumam ou mudem de lado. O MDB, que ainda não admite com todas as letras que
migrou para a base, mas deve, a partir dos dois novos deputados que receberá,
deixar essa posição cada vez mais clara
O
PR, atual partido do líder da oposição Capitão Wagner, deixará de ter
representação ao mesmo tempo em que sua futura presidente estadual, a deputada
federal Gorete Pereira, encaminha-o para o lado de Camilo. Já o PSD, que conta
hoje com três representantes, ficará apenas com um. O PSDB e o Psol continuam
com um deputado cada.
Em
contrapartida, o PDT ficará com pelo menos 13 deputados.
Nenhum
deputado da base migrará para um partido da oposição. Simbolicamente,
as mudanças representam um fortalecimento de Camilo, que terá uma base forte
para aprovar medidas favoráveis na Assembleia.
É
o que avalia o líder do Governo Evandro Leitão (PDT). “A sociedade e os
políticos têm visto no governador uma pessoa que tem conseguido superar os
desafios e que tem a credibilidade necessária para ser um bom gestor”, diz.
O
deputado Heitor Férrer (PSB) tem uma visão diferente. Para ele, “o governo pode
estar se fortalecendo com a agremiações partidárias, mas a oposição também se
fortalece quando o governo se enfraquece administrativamente”. “O Camilo tem
sofrido uma baixa muito grande com esses últimos capítulos da violência no
Ceará”, avalia.
Heitor
lembra que as trocas partidárias não acontecem apenas visando o apoio ao
governador, mas, sobretudo, para viabilizar a reeleição dos deputados. “Cada um
se movimenta no sentido de viabilizar sua eleição, e os partidos no sentido de
trazer para si candidaturas vitoriosas”.
A
tendência é de que deputados com votação expressiva permaneçam onde estão ou
migrem para siglas maiores que ofereçam fatia generosa do fundo partidário para
a campanha, enquanto os com menor número de votos devem procurar legendas
menores e sem candidatos à altura.
O jornal O POVO apurou que articula-se a formação de um “blocão” na Assembleia que
colocaria em risco deputados com menos votos. A negociação pode incentivar mais
parlamentares a trocar de partido perto do prazo final da janela.
O
cientista político Valmir Pontes explica que os parlamentares têm de fazer um
cálculo para garantir que a migração aumente a sua probabilidade de reeleição.
“O deputado tem que ver a quantidade de grandes candidatos do partido, além de
assegurar que uma parte do fundo partidário seja para ele”, afirma.
Valmir
diz que, em alguns casos, deputados com menor expressividade ficam em partidos
com concorrentes fortes porque encontram a porta fechada em outros partidos e
também porque, às vezes, fazem um acordo de que se não forem eleitos podem
assumir algum cargo no governo ou a suplência por alguns períodos. “Para eles,
às vezes é mais vantajoso ficar nessa posição”, aponta.
Com
informações portal O Povo Online
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