Uma multidão presta homenagem à vereadora Marielle Franco, morta a tiros no Rio de Janeiro (Foto: Marcelo Sayao) |
A
morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes na
última quarta feira (14/03), no Rio de Janeiro, motivou atos em todo o Brasil e em
capitais de outros países nesta quinta-feira (15/03). Segundo estimativa do PSOL,
partido da parlamentar, foram organizadas mais de 20 manifestações no país.
Foram realizados atos também em Buenos Aires, Montevidéu, Lisboa, Berlim,
Londres, Amsterdã e Nova York.
No
Rio, uma multidão está reunida no centro da cidade, na Cinelândia, onde prestam
homenagem à vereadora e ao motorista e cobram que os responsáveis sejam
punidos. Manifestantes acenderam velas na Câmara dos Vereadores e também
penduraram faixas com dizeres como: "Marielle Gigante" e "Não
nos calarão".
Milhares
de pessoas ocuparam no início da noite de ontem o vão-livre do Museu de
Arte de São Paulo (Masp). As seis faixas de rolamento em frente ao prédio do
museu foram bloqueadas ao tráfego de carros. Discursos comovidos se alternaram
a gritos de palavras de ordem como “Marielle, presente".
O
ato na capital paulista também contou com a participação das percussionistas do
instituto cultural Ilú Obá de Min, que tocaram tambores em homenagem a
vereadora assassinada. Em seguida, a manifestação seguiu em passeata pelas ruas
do centro da capital paulista.
Manifestantes se reúnem em São Paulo e pedem justiça pela morte da vereadora Marielle Franco (Foto: Leonardo Benassatto) |
“Parece
que estou em um filme de terror. A gente vem para o Masp tantas vezes para
fazer grandes mobilizações, manifestações feministas, mas nunca [a vítima] é
uma mulher tão próxima da gente. Uma vereadora é uma mulher que tem poder. E
supostamente está protegida. Mas não. Ela pode ser o que for. Ela vai seguir
sendo mulher e seguir sendo mulher negra. A fragilidade de todas nós é muito
grande”, destacou a vereadora pelo PSOL em São Paulo, Sâmia Bomfim.
Para
a presidente da União da Juventude Socialista (UJS) e ex-presidente da União
Nacional do Estudantes (UNE), Carina Vitral, a perda de Marielle é irreparável.
“Não é qualquer militante política que foi assassinada. Ela era uma militante
do tema da segurança pública. Do tema das favelas. Do tema dos mais pobres. E
ao meter o dedo na ferida, ela foi executada por esse sistema e isso precisa
ser absolutamente investigado”, disse.
Em
Brasília, o ato começou às 17h e reuniu mais de 300 pessoas na Praça Zumbi dos
Palmares, tradicional palco de manifestações no centro da cidade.
Representantes de diversos movimentos sociais e partidos estiveram presentes
para prestar homenagens, destacar a luta histórica de Marielle e cobrar
apuração do crime.
Segundo
Jacira Silva, diretora do Movimento Negro Unificado (MNU), a violência contra
negros não é nova, mas a morte de Marielle e de Anderson significou o ápice de
uma escalada que se amplifica no contexto da intervenção federal na segurança
pública do Rio.
“Quando
há casos assim, ou são absolvidos ou não cumprem suas penas. A impunidade que
historicamente ocorre no país não pode continuar. Que os autores sejam
responsabilizados”, defendeu a diretora.
Na
capital paranaense, o ato teve início às 18h30 e tomou a Praça Santos Andrade,
no centro. Segundo estimativa dos organizadores, aproximadamente 2.500 pessoas
estiveram presentes. Os participantes se revezaram em mensagens de luto e
enfatizaram a necessidade de lutar contra a violência contra a população negra
e as mulheres.
“A
gente sabe que não temos representação nas casas legislativas. A morte da
Marielle foi machista e racista porque sabemos que ninguém quer mulheres e
negros no poder. Que a vida dela e do Anderson não tenha sido em vão, quem
ousou apontar o dedo na cara do poder”, afirmou Waleiska Fernandes, do coletivo
Partida.
A
direção do PSOL avaliou a realização dos atos como uma reação importante ao
crime e como um chamado para que não fique impune. A legenda vai continuar
chamando novas mobilizações em parceria com outros movimentos sociais.
“Os
atos do dia de hoje mostraram que o Brasil já não suporta mais conviver com a
violência policial, a impunidade e os crimes políticos. Todos os anos centenas
de lutadores sociais são executados de forma bárbara e agora também
parlamentares. A gente não podia tolerar isso antes e não pode agora”, disse o
presidente do partido, Juliano Medeiros.
Para
Keka Bagno, do Diretório Nacional do PSOL, a morte de Marielle Franco e do
motorista Anderson Gomes está relacionada à disputa entre milícias e a
intervenção federal e teria sido uma execução. A dirigente afirma que o partido
quer a participação dos governos do Rio de Janeiro e federal para que haja
respostas efetivas sobre o crime, que segundo ela, teve conotação política.
“Marielle
mexeu nas estruturas. Este foi um recado para que as mulheres negras dêem
passos atrás. Mas a gente vai se organizar mais, inclusive para disputar
eleições e mostrar que este espaço é nosso por direito”, disse.
Em
entrevista no Rio, o ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul
Jungmann, disse que vai acompanhar pessoalmente as investigações e que os
responsáveis pelo crime “bárbaro” serão encontrados e punidos a qualquer custo.
Com
informações portal Agência Brasil
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