A
principal notícia da pesquisa Datafolha divulgada ontem provavelmente seja a
pouca mudança após a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). A última consulta de intenções de voto havia sido em novembro. Muita
coisa aconteceu desde então. A principal delas, a condenação de Lula. Mesmo
assim, o cenário se mantém quase inalterado.
E
ele hoje é o seguinte: no caso de Lula ser candidato, se a eleição fosse hoje,
dificilmente alguém o derrotaria.
Porém,
o mais provável, quase certo, é que o petista seja impedido de se candidatar.
Neste caso, de um quarto a até um terço do eleitorado fica sem rumo.
Uma
constatação clara: denúncias, condenações, mesmo novas denúncias não têm sido,
até aqui, capazes de afetar as intenções de voto em Lula. Ele tem sido
bombardeado há bastante tempo e sua popularidade é muito menor do que já foi.
Mas, ainda não tem páreo. Depois de tantos anos de exposição contínuas a
acusações, parece não haver mais fato novo capaz de afetá-lo, nem para o bem
nem para o mal.
Porque
muita gente imaginou que, com a condenação, Lula poderia até subir. Isso não
ocorreu e, então, passou-se a apontar que ele atingiu o teto. Talvez, embora no
passado ele já tenha tido muito mais. Por outro lado, é possível que esse seja
também seu piso, pois tampouco caiu, embora no passado tenha estado mais
abaixo.
O
fato novo que talvez altere a situação de Lula é a provável prisão. Se irá
interferir para o bem ou para o mal, aí já é outra questão.
Na
comparação entre cenários com Lula e sem Lula, o que mais cresce, disparado, é
o percentual de eleitores que dizem votar em branco ou nulo. Nas simulações com
o petista, o percentual varia entre 12% e 19%. Sem ele, varia de 24% a 32%.
O
cenário sem Lula que tem menos votos brancos e nulos é o que tem participação
simultânea de Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Luciano Huck (sem partido).
Na simulação com os três e mais Lula, o índice de brancos e nulos cai pela
metade: 12%.
É
improvável que um quarto e até um terço dos eleitores votem em branco ou nulo.
Isso até acontece nas eleições somadas as abstenções - quem não vai votar. Isso
muito em decorrência das defasagens de cadastros, nas quais ainda constam gente
que já morreu, além de muita gente que mora em outras cidades, estados ou
países e nunca transferiu título.
Então,
a pesquisa não indica necessariamente uma tendência de voto de protesto em
massa se Lula for mesmo impedido de concorrer. Os números mostram, sim, um
eleitor que não se sente contemplado entre as opções e ainda busca caminho.
Pode ser que algum dos postulantes atraia a maioria desses votos, pode ser que
ele se pulverize entre as opções, ou talvez se cristalize como não voto mesmo.
Ou, quem sabe aparece alguém capaz de canalizar esse sentimento.
Até
agora, nenhuma das pretensas novidades teve muito sucesso nisso.
Na
pouca mudança no cenário pré-eleitoral dos últimos dois meses, chama atenção o
desempenho pífio de personagens importantes.
Um
é Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano é a principal aposta do bloco que se
articulou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Governa o
maior estado do País há mais de sete anos, depois de dois mandatos anteriores.
E se sai de forma pouco melhor que ridícula. Com Lula candidato, fica entre 6%
e 7%. Sem Lula, curiosamente até o pré-candidato do PSDB se favorece de
intenções de votos que seriam de Lula. Com o petista fora do páreo, Alckmin tem
de 8% a um pico de 11%.
Principal
nome do governo Michel Temer (PMDB), Henrique Meirelles (PSD) beira a
irrelevância na disputa pré-eleitoral. Tem 1% quando Lula é candidato. Sem o
petista, ele chega a dobrar e atinge 2%.
Mais
provável substituto de Lula, caso o PT se decida por lançar outro nome, Jaques Wagner
(PT) é outro que não passa de 2%. Nas simulações, tem mais eleitor de Lula
migrando para Alckmin que para Wagner. Ajuda a entender por que o PT não quer
ouvir falar em plano B.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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