3 de fevereiro de 2018

"Não é momento para oportunismo", diz Camilo na Assembleia

Na Assembleia o governador voltou a cobrar responsabilidades do Governo Federal (Foto: Fabio Lima)
Quase uma semana após a maior chacina do Ceará, nas Cajazeiras, o governador Camilo Santana (PT) discursou na solenidade de abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa, na manhã de ontem (02/02) e afirmou que este não é o momento para oportunismo. “Essa discussão deve ser séria, desapaixonada e, principalmente, longe do discurso oportunista e politiqueiro de quem não quer a solução dos problemas, mas se locupletar diante deles”, afirmou aos deputados.


Ao tratar o caso como “um grave problema”, ele voltou a responsabilizar o Governo Federal pelo avanço na violência em todo o País. Ao fazer o balanço das ações no último ano, a segurança pública foi a temática que mais recebeu destaque na fala do governador, ao lado da educação. Assuntos como saúde e gestão dos recursos hídricos foram tratados, mas sem a ênfase dada ao tema da violência.

“A lei é clara: tráfico de drogas, combate ao narcotráfico e proteção de fronteiras é responsabilidade do Governo Federal, não dos estados”, disse Camilo, antes de subir à tribuna. O governador enfatizou ainda que não “recebeu nenhum centavo” da União para investir em segurança. “Aliás, recebi sim, o do Fundo Penitenciário, mas tive que entrar no Supremo Tribunal Federal para conseguir”, corrigiu-se.

Parlamentares de oposição também se pronunciaram sobre a violência. Na avaliação de Capitão Wagner (ainda no PR), a relação de Camilo com o Governo Federal é “incoerente”. “Hoje o governador é aliado do senador Eunício Oliveira (MDB), aparece em vídeos agradecendo os recursos federais que o parlamentar ajudou a trazer para o Estado, mas, na Assembleia, colocou a responsabilidade da violência na União”, destacou.

Wagner critica a justificativa do governador sobre a falta dos bloqueadores nos presídios cearenses. Decisão do STF derrubou a lei estadual que previa que a instalação dos equipamentos deveria ser feita por operadores de telefonia. “Ele pode adquirir sem precisar de lei. São Paulo e Rio Grande do Norte já usam e o governador não tem essa coragem”, diz.

Para Carlos Matos(PSDB), o governador trouxe a “premissa falsa” de que “mais dinheiro e estrutura resolve o problema da segurança pública”. “Não se investe no fundamental que é a inteligência, que é capaz de detectar onde as organizações criminosas se articulam”, disse.

O parlamentar, assim como todos os outros ouvidos pelo jornal O POVO, consideram que a temática deverá ocupar as primeiras discussões da Casa. Elmano de Freitas (PT) concorda que o tema abre os trabalhos da AL. Da base de Camilo, ele reconhece que é preciso mudar políticas de segurança. “Tem que ter humildade para tentar alterar o que tem sido feito até aqui”.

Com informações portal O Povo Online

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