Descrédito
dos políticos, falta de participação, nomes que não inspiram confiança,
decepções com partidos e candidatos. Para quem já decidiu votar nulo ou branco
nas eleições presidenciais 2018, a expectativa de que o Brasil melhore é
pequena. Entre os indecisos, a suspeita prevalece. Eles
poderão decidir os rumos da corrida eleitoral.
Pesquisa
divulgada nesta semana expõe um cenário inédito. Pela primeira vez na história
do Datafolha, a intenção de votos nulos ou brancos pelos eleitores chegou ao
patamar de 32%. O número aparece oscilando com 24% em quatro cenários de eleições
sem o ex-presidente Lula.
Quando o petista é considerado entre as opções da
urna, as anulações variam entre 14% e 19%. Lula foi condenado em segunda
instância, no último dia 24, a 12 anos e um mês de prisão por lavagem de
dinheiro e corrupção. Poderá estar inelegível em outubro.
De
acordo com os dados, a maioria dos votos brancos ou nulos, quando da ausência
de Lula na disputa, tem um mesmo perfil. Nordestinos, com renda até dois
salários mínimos, nível fundamental de escolaridade, mulheres.
“Ainda
é muito cedo. As pessoas não têm opinião estabelecida. Para a maioria, que
trabalha, cuida dos filhos e da casa, política não é relevante”, justifica o
professor de Ciência Política do Ibmec, Adriano Gianturco. Para ele, o
desinteresse pela política é uma tendência mundial e reflete uma situação
social onde há mais ocupações diárias do que preocupações políticas. “Mas no
Brasil a corrida eleitoral também é muito personalizada, por isso
historicamente a abstenção nem é tão alta”, pondera.
O
coordenador do curso de administração, também do Ibmec, Eduardo Coutinho,
destaca ainda que, se o voto não fosse obrigatório, a quantidade de nulos e
brancos seria ainda maior. “Sempre haverá um número grande que vai para cumprir
obrigação. Isso tende a aumentar com o tempo, à medida em que as pessoas
entendem que os candidatos vão exercer um mandato em prol de uma agenda
previamente estabelecida”, afirma.
A
preferência por Lula (PT) fica acima da média entre os brasileiros que
estudaram até o ensino fundamental (47%). Inclui a parcela de pessoas com renda
mensal familiar de até dois salários mínimos (47%). A escolha pelo petista
prevalece nas regiões Norte (46%) e, principalmente, Nordeste (60%). A maior
taxa de votos brancos e nulos em pesquisas de primeiro turno para presidência
foi de 19%, em 2014.
Em
eleição, a maior porcentagem de eleitores sem candidato durante primeiro turno
foi na reeleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998, com 19%. Se
somado à taxa de indecisos, o total dos eleitores que não escolhem um candidato
chega a 36%. Na disputa que inclui Lula (PT), Jair Bolsonaro (PSC), Geraldo
Alckmin (PSDB) e Ciro (PDT), entre outros, os votos em branco ou nulo são de
19%.
Em
um cenário sem Lula, com empate técnico entre Bolsonaro e Marina Silva (Rede),
o total de pessoas que votariam branco ou nulo chega a 28%.
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