A
declaração do pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) sobre
as dificuldades de o PT apoiá-lo nas eleições deste ano causou tensão no
partido. Após se reunir com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT),
Ciro disse que era “mais fácil um boi voar do que o PT apoiar alguém”.
A
declaração do ex-governador do Ceará foi concedida durante entrevista à rádio
Itatiaia, de Belo Horizonte, na última sexta-feira (23/02). Ciro afirmou que os
tribunais vão impedir a candidatura de Lula por conta da Lei da Ficha Limpa.
“Lula vai registrar e aí começa com o negócio que a gente sabe: liminar de juiz
acolá, puxadinho jurídico pra acolá”, disse classificando a atitude como
“miudice política”.
Ciro
tem buscado aproximação com o partido e, conforme as últimas pesquisas, é um
dos candidatos que mais herdam votos de Lula, caso o petista saia da disputa.
Antes da declaração, o pedetista discutiu com o Fernando Haddad, atual
coordenador do programa do PT, a possibilidade de os partidos de
centro-esquerda se unirem ainda antes da campanha. A articulação recebeu aval
do ex-presidente Lula.
Um dia depois da entrevista de Ciro, o deputado Paulo
Pimenta, líder do PT na Câmara, reagiu aos comentários dizendo que o pedetista
sofria de “diarreia verbal”. “Além de ser indelicado com Lula, revela baixa
capacidade de solidariedade em um momento em que precisamos estar unidos em
defesa de democracia”, escreveu no Twitter. Ele também afirmou que “não vai ser
batendo no Lula” que Ciro irá “se credenciar como um nome com capacidade de
conduzir o País”.
Líder
da oposição, José Guimarães (PT-CE) diz que a fala denota “falta de rumo” do
pré-candidato. “Um dia ele se reúne com o Haddad e no outro ele fala mal do
PT”, afirma. “Se Ciro ficasse calado, talvez fosse melhor para ele”. Na opinião
do presidente estadual do partido, De Assis Diniz, a declaração é uma “agressão
gratuita”. Ainda assim, o dirigente não acredita que a declaração vá prejudicar
a relação com o partido, mas diz que “deixa claro que ele não quer o apoio do
PT”.
Ex-líder
do partido na Câmara, Afonso Florence (PT-BA) atribui a declaração à
“intempestividade” do Ciro. “Não é em cima do muro que ele vai se viabilizar
eleitoralmente”, reage. O parlamentar também diz que “não é fato” que o PT não
forma alianças. “Há apoio nos estados. Agora, em uma eleição nacional, Ciro
como postulante tem que esperar o tempo correto. O Lula não está
inviabilizado”, diz. Para o parlamentar, Ciro fez a declaração fora do “tempo
correto”.
O jornal O POVO entrou em contato ontem à noite com a assessoria de comunicação do
governador Camilo Santana, que é petista e aliado de Ciro, mas não obteve
resposta. À tarde, a reportagem também contatou o secretário de Governo Nelson
Martins (PT) que preferiu não comentar, justificando que não acompanhou o caso.
Com
informações portal O Povo Online
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