O
deputado estadual Capitão Wagner (PR) é dono de carreira política
impressionante. Vereador mais votado da história do Ceará em 2012, repetindo o
recorde quando disputou uma vaga na Assembleia dois anos depois.
Em
2016, foi candidato a prefeito de Fortaleza, com mais de 588 mil votos no 2º
turno. Apesar da ligação com profissionais da segurança, nunca foi político de
uma tecla só: trata de educação, saúde e urbanidade com desenvoltura.
Mesmo
com a temática da violência sendo o carro-chefe de sua atuação, nunca caiu no
discurso fácil de “bandido bom é bandido morto”. Na oposição, levou modernidade
a um perfil já bastante conhecido do eleitorado cearense.
Assim,
chamou a atenção de políticos poderosos do Estado, como os senadores Eunício
Oliveira (MDB) e Tasso Jereissati (PSDB), além de se transformar na pedra do
sapato dos Ferreira Gomes. Soube, como poucos, incomodar o grupo que detém a
hegemonia local. Encarnava, de certa forma, a figura do “novo”, tão debatida
por uns e temida por outros.
Entretanto,
resolveu abrir de tudo isso em nome da segurança de um mandato na Câmara dos
Deputados, nem que precisasse se aliar e oferecer palanque àquele que
representa hoje um dos maiores riscos à democracia, à estabilidade e ao
desenvolvimento do País: Jair Bolsonaro.Wagner alega que se une ao polêmico
deputado por se identificar com seus “ideais políticos” e “propostas de
governo”.
Que
ideais são esses? Os que defendem tortura, eliminação de direitos das camadas
historicamente excluídas do País, propagação do preconceito? Que propostas são
essas que o presidenciável tem para resolver nossas complexas questões?
Tudo
o que foi apresentando até agora não enche uma folha de papel e está distante
dos reais desafios.
Há
também a alegação de que sua militância é majoritariamente “bolsonarista”. É
isso que move o deputado? A fidelidade de um grupo para, assim, conseguir um
mandato?
Com
certeza, a força do parlamentar não se iria se esvair tanto caso recusasse se
submeter ao perigoso projeto representado pelo ex-militar. Abrir mão de
princípios dentro do jogo eleitoral é se apequenar em termos políticos.
Uma
mancha que, mais dia, menos dia, cobrará seu preço.
Publicado originalmente no portal O Povo
Online
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