Até
agora, o que de mais impactante fez o governo Michel Temer (MDB) - para o mal
ou para o bem, conforme o ponto de vista e o extrato social - foi na área
trabalhista. Pois, sabe como foi definida a nova ministra do setor?
O
escolhido para o cargo, Pedro Fernandes (PTB), disse que foi vetado pelo
ex-presidente José Sarney (MDB). Deputado pelo Maranhão, ele era aliado de
Sarney, mas mudou de lado quando Flávio Dino (PCdoB) foi eleito governador. A
ponto de, na votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), o ex-futuro
ministro ter votado a favor da presidente.
Diante
da necessidade de definir novo nome para o cargo, Temer convidou para sua
residência oficial o presidente do PTB, que vem a ser Roberto Jefferson. Para o
leitor que era muito jovem 13 anos atrás, Jefferson é deputado federal cassado
e foi pivô do mensalão.
Ele
denunciou os pagamentos periódicos a parlamentares em troca de votos no
Congresso Nacional e admitiu ter recebido R$ 4 milhões em pagamentos do PT - a
promessa era de R$ 20 milhões, mas ele disse ter recebido calote dos outros R$
16 milhões.
Em
2015, ele saiu da cadeia, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a
cumprir o restante da pena em casa. Permaneceu como condenado em regime aberto
até 2016, quando recebeu perdão judicial do STF, com base em indulto natalino
da então presidente Dilma. Não fosse pelo ato da petista, a reunião de Temer,
ontem, no Palácio do Jaburu, teria sido com um condenado cumprindo pena.
Dessa
reunião, saiu indicada para o Ministério do Trabalho a deputada federal
Cristiane Brasil (RJ). É a filha de Roberto Jefferson.
Recapitulando:
1)
Temer escolheu um deputado que havia votado contra o impeachment.
2)
Sarney vetou o deputado.
3)
Temer chamou Roberto Jefferson à sua casa.
4)
A filha de Jefferson virou ministra.
Sarney
tomou posse como presidente da República há 33 anos. Jefferson há 26 anos
integrou a tropa de choque contra o impeachment de Fernando Collor, há 13
denunciou o mensalão e há menos de três saiu da prisão. É inacreditável que,
passado todo esse tempo, tais personagens estejam em conversas que decidem
questões tão importantes. Do nível da condução do Ministério do Trabalho no
momento de mudança mais drástica em décadas.
APARIÇÃO
Foi
curiosa a forma como Roberto Jefferson descreveu a opção pela filha para o
cargo. Não foi indicada, escolhida, selecionada, definida, designada. “O nome
dela surgiu, não foi uma indicação”.
Surgiu?
Como assim nomes surgem? Ele até detalha, mas não esclarece: “Estávamos
conversando, eu, o presidente Michel Temer, o ministro Eliseu Padilha (Casa
Civil), e surgiu o nome da deputada Cristiane Brasil”.
“Surgiu”.
Ora mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.