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24 de janeiro de 2018

Ruas de Porto Alegre divididas pela tensão do julgamento

A tensão nas ruas de Porto Alegre equivale a uma final de campeonato com torcidas rivais. A capital do Rio Grande do Sul é sede do Tribunal Regional Federal da 4a região, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros seis réus serão julgados em segunda instância por acusações de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.

Existem barreiras policiais e desvios no trânsito ao redor de prédios públicos, como a Assembleia Legislativa, onde houve eventos de apoiadores de Lula. Desde o meio-dia de ontem, todo o perímetro que circunda os prédios da Justiça, que inclui as sedes do Ministério Público Federal, da Justiça Federal e do próprio TRF-4 estão fechados.

O expediente de alguns funcionários públicos se encerrou mais cedo às vésperas do julgamento de Lula. Hoje, somente uma parte dos servidores do TRF-4 foi convocada para trabalhar, os demais foram liberados. Até o acesso à área externa do prédio do TRF-4 está limitado a quem possui credenciais.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, a área próxima ao TRF-4 contará com monitoramento aéreo, terrestre e naval. A segurança dos magistrados também foi reforçada.

A cerca de cinco quilômetros um do outro, dois polos de protestos preencheram cruzamentos de Porto Alegre. Na zona nobre do Parque Moinhos de Vento, verde e amarelo, buzinas e carros de som demandavam a condenação de Lula. Foram entoadas rimas de apoio ao juiz Sergio Moro, que sentenciou o petista a 9 anos e 6 meses de prisão na primeira instância.

“Está sendo um divisor de águas, porque a gente lutou muito por isso. É uma pessoa que tentou de tudo para fugir da Justiça e agora chegou a hora”, diz a organizadora do Vem Pra Rua, Iria Cabrera. Ela conta que o grupo se reúne nos arredores do parque há três anos e lembra outros momentos que considera de conquista, como o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Algumas faixas pedem intervenção militar.

Do outro lado, no Centro Histórico de Porto Alegre, Dilma e Lula arrastam uma multidão no local conhecido como Esquina Democrática. 

“O que acontece é que eles não têm quem possa disputar com o presidente Lula e como não tem essa pessoa, tem que tirar o Lula do pleito”, afirma Dilma.

Em seu último discurso antes do julgamento, Lula criticou a imprensa nacional, o mercado e o governo federal. Ele poupou palavras amargas contra o Judiciário, uma leve mudança de conduta em relação a manifestações anteriores. 

“Eu não vou falar do meu processo, não vou falar da Justiça, primeiro porque tenho advogados competentes que já me provaram inocência. Segundo, porque acredito que aqueles que vão votar deverão se ater aos autos do processo e não às convicções políticas”, disse.

Com informações portal O Povo Online

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