A
redemocratização brasileira é recente - há menos de 30 anos se voltou a eleger
presidentes de forma direta. Nesse curto tempo, a população vai captando os
sinais e formando alguns entendimentos de como funciona eleição. Mais ou menos
como partida de futebol, tenta-se definir favoritos, azarões e antever
resultados. Chega-se a algumas conclusões e se passa a tratá-las como sinais
quase imutáveis.
Algumas talvez sejam, outras contrariam certezas. Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) está na iminência de ser impedido de concorrer - ao não
deixá-lo viajar para o Exterior, deu-se recado claro que candidato é que não
deixarão mesmo que seja. Então, algumas máximas das eleições emergem e são
colocadas em teste.
As
pessoas olham para Jair Bolsonaro (PSC-RJ, a caminho do PSL) e concluem que
alguém com ideias tão extremistas, excludentes e agressivas não pode ser eleito
num País diverso como o Brasil. Faz sentido.
Aí,
observa-se o PSDB e suas quatro derrotas seguidas, as divisões internas no
partido, as denúncias, a falta de sal na provável candidatura de Geraldo
Alckmin, o fato de ele próprio já ter perdido uma eleição em 2006 e de, agora,
estar estagnado nas pesquisas. Então, as pessoas deduzem: o PSDB não vence
eleição. De fato, há um retrospecto de mais de uma década e problemas recentes
a serem administrados que dificultam a vitória tucana.
Olha-se
para Marina Silva (Rede). Ela foi bem em 2010, mas não conseguiu legenda para
disputar em 2014. Vice de Eduardo Campos (PSB), herdou a candidatura com a
morte dele. Chegou a ser dada como certa no segundo turno e parecia que
venceria Dilma Rousseff (PT), Mas, foi alvo de duros ataques e questionamentos,
aos quais não soube responder. Vacilante, ficou pelo caminho. Ao se observar o
desempenho dela, muitos pensam que falta força e clareza nas convicções para
vencer uma disputa presidencial. Pode ser.
Quando
se fala de Ciro Gomes (PDT), logo se lembra de 2002, quando pareceu que ele
poderia vencer. Uma sequência de gestos tresloucados e algumas declarações
desastradas o jogaram no quarto lugar. O histórico recorrente de frases
estabanadas criam a ideia de que, por melhor que esteja na campanha, ele vai
acabar dizendo algo que vai inviabilizá-lo como candidato. Isso já aconteceu e,
claro, pode se repetir.
No
PT, não há alternativas viáveis a Lula. Fernando Haddad é muito querido em
setores progressistas, mas levou uma surra desqualificante de João Doria (PSDB)
em seu reduto eleitoral. Sai perdendo feio em São Paulo e não tem penetração em
outras regiões. Por isso, petistas acenam com Jaques Wagner, que, pelo menos
teria os votos na Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste. Matematicamente,
talvez fosse o petista capaz de ter mais votos. Daí a vencer vai longo caminho.
Todos
esses raciocínios fazem sentido. O problema é que alguém vai ter de ser eleito.
Ainda precisa ter um presidente, nem que seja por eliminação.
Lula,
por exemplo, já teve seu estigma. Chegou a sua quarta eleição, em 2002, com
fama de pé-frio, que vinha de três derrotas seguidas, duas delas em primeiro
turno. Criou-se a compreensão de que o eleitor não votaria em um ex-metalúrgico
sem curso superior e fama de radical. Quando Lula foi eleito, ele aparou a
barba, colocou terno, vinculou-se a rico empresário, com a bênção da Igreja
Universal, fez carta para agradar investidores internacionais e abriu programa
de televisão apresentando técnicos que o assessoravam. Foi finalmente eleito e
se esqueceu a história de pé-frio.
Em
outubro, caso Lula não possa mesmo ser candidato, ou alguma dessas máximas irá
por terra, ou surgirá uma novidade. O tempo está curto para isso, mas tem gente
querendo ser esse fator novo. Mas, o assunto fica para amanhã.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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